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Metade da emissão de carbono é produzida por 10% mais ricos

O documento contribui para "desmontar o mito de que os moradores de países com um rápido desenvolvimento são os principais responsáveis pela mudança climática"


	Emissões: dossiê evidencia a desigualdade na produção de emissões tanto entre países como dentro das próprias nações
 (AFP/Arquivo / Theo Heimann)

Emissões: dossiê evidencia a desigualdade na produção de emissões tanto entre países como dentro das próprias nações (AFP/Arquivo / Theo Heimann)

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Da Redação

Publicado em 2 de dezembro de 2015 às 08h18.

Paris - O grupo dos 10% mais ricos da população mundial é responsável por cerca de 50% dos gases poluentes lançados na atmosfera, indicou a organização britânica Oxfam em um relatório publicado nesta quarta-feira, no qual também afirma que as 3,5 bilhões de pessoas mais pobres do mundo geram apenas 10% das emissões totais de carbono.

O documento, divulgado durante a 21ª Conferência das Partes (COP21) da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC), contribui, segundo os autores, para "desmontar o mito de que os moradores de países com um rápido desenvolvimento são os principais responsáveis pela mudança climática".

"Embora as emissões aumentem rapidamente nos países em desenvolvimento, grande parte delas se deriva da produção de bens que serão consumidos em outros. Isso significa as emissões associadas aos hábitos de consumo nesses países são muito menores do que as de seus colegas nos desenvolvidos", indicou o relatório.

O dossiê evidencia a desigualdade na produção de emissões tanto entre países como dentro das próprias nações.

De acordo com o documento, o 1% mais rico da população mundial gera 175 vezes mais carbono do que os 10% mais pobres.

As emissões dos 50% mais pobres dos Estados Unidos, por exemplo, são 20 vezes superiores à dos 50% mais pobres que vivem na Índia, de população total muito maior.

"Os mais ricos e os maiores emissores devem prestar contas pelo que geram, sem importar onde eles vivam", destacou Tim Gore, especialista em política climática da Oxfam.

Gore alerta que é fácil esquecer que as economias que estão se desenvolvendo mais rapidamente também acolhem a maior parte das pessoas mais pobres do mundo.

Apesar de todos terem que contribuir para conter o aquecimento global, ele defende que os países ricos assumam maiores compromissos de redução de emissões.

"As únicas pessoas que se beneficiariam de um acordo poupo ambicioso em paris são um grupo de bilionários que fizeram fortuna graças aos combustíveis fósseis", destacou a organização britânica.

O futuro acordo deve "mobilizar recursos para ajudar as comunidades mais pobres e vulneráveis a se adaptar aos efeitos da mudança climática", concluiu a Oxfam, defendendo também que as ações para combater o fenômeno respeitem os direitos humanos e a igualdade de gênero.

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