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Merz é eleito premiê da Alemanha após derrota histórica em 1ª votação

Líder teve 325 votos no parlamento alemão e comandará maior economia da Europa

Friedrich Merz, novo premiê da Alemanha (Ralf Hirschberger/AFP)

Friedrich Merz, novo premiê da Alemanha (Ralf Hirschberger/AFP)

Rafael Balago
Rafael Balago

Repórter de macroeconomia

Publicado em 6 de maio de 2025 às 11h38.

Última atualização em 6 de maio de 2025 às 12h14.

Friedrich Merz foi eleito como novo primeiro-ministro da Alemanha em votação no Parlamento nesta terça-feira, 6. Ele teve 325 votos, entre 630 deputados. Ele precisava obter ao menos 316. Ele será empossado no cargo imediatamente e deve começar a governar ainda nesta terça.

Merz havia perdido a primeira votação para ser confirmado no cargo, que havia sido realizada mais cedo nesta terça. Na ocasião, ele obteve 310 votos.

O novo premiê alemão é líder da coligação CSU/CDU, partido de centro-direita, o mesmo da ex-premiê Angela Merkel, que governou o país de 2005 a 2021. Ele sucederá Olaf Scholz, da SPD (Social-democratas), que chefiou a Alemanha nos últimos quatro anos, período em que o país entrou em recessão.

A CDU/CSU foi a grande vencedora das eleições alemãs, realizadas em fevereiro, e conquistou 208 assentos. No entanto, o número não foi suficiente para obter maioria, e a legenda fez uma parceria com a SPD para formar um novo governo.

Foram mais de dois meses de negociações até a aliança ser fechada. No Parlamentarismo, os partidos podem formar coalizões após a votação popular e as conversas podem levar semanas ou meses até que um novo governo seja estabelecido. Se não houver consenso, novas eleições gerais podem ser convocadas.

O grupo CDU/CSU e SPD somam 328 deputados, mas Merz teve apenas 320 votos na primeira rodada de votação. O pleito é feito com votos secretos. Foi a primeira vez desde a volta da democracia na Alemanha, em 1949, que um chanceler perdeu uma votação deste tipo. Geralmente, a eleição só é feita quando um candidato tem votos assegurados para a confirmação como premiê.

A derrota inicial de Merz foi atribuída a deputados descontentes da SPD, que governava o país, mas ficou em terceiro lugar na eleição de fevereiro. Merz evitou buscar uma coalizão com segundo partido mais votado, a AfD, por causa das ideias extremistas da legenda.

Desafios da economia alemã

A economia da Alemanha vive seu pior momento desde a crise de 2008, com uma recessão que já dura dois anos. A atividade encolheu 0,3% em 2023 e 0,2% em 2024. Para 2025, o Fundo Monetário Internacional (FMI) estima que o país fique estagnado, com 0% de mudança no PIB.

Em paralelo, a inflação disparou a 8% em 2022, 6% em 2023 e 2,4% em 2024, o que contribui para o mal-estar dos alemães com o governo.

A crise alemã tem várias razões externas. Além da pandemia, o país foi um dos mais atingidos pelas consequências da guerra na Ucrânia. Quando o conflito começou, a Alemanha decidiu parar de comprar gás russo, do qual era um grande cliente. O país teve de buscar outras fontes de energia às pressas, o que aumentou os custos para indústrias e reduziu a competitividade. Além disso, os alemães viram os chineses avançarem rapidamente nos últimos anos em produtos industriais complexos que são especialidade do país, como os automóveis.

No governo, Scholz terá o desafio de criar novos estímulos para a economia do país e, ao mesmo tempo, lidar com as pressões dos Estados Unidos. O presidente dos EUA, Donald Trump, tem pressionado a Europa a comprar mais produtos americanos e colocou barreiras contra itens europeus. Os carros, um importante item de exportação alemão, receberam taxas extras.

Quem é Friedrich Merz?

Formado em direito, Merz, hoje com 69 anos, entrou na política em 1989, ano da queda do Muro de Berlim. Inicialmente foi eurodeputado e depois foi membro do Bundestag, o Parlamento alemão.

Ele deixou a política em 2009, após embates com a então premiê Angela Merkel, do mesmo partido, e retomou a carreira jurídica.

Merz voltou à política em 2021 e assumiu o comando da CDU depois de Merkel se aposentar, em 2022. Os dois continuam distantes. Durante a campanha, Merz a acusou de escancarar as portas do país para os imigrantes quando estava no governo. A ex-governante, quase sempre discreta, o criticou em janeiro por se aproximar da AfD, legenda de extrema-direita. 

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