Merkel: as eleições deste ano deram uma importante fatia do parlamento a um partido de extrema-direita, o que vai dificultar o trabalhos da chanceler
Da Redação
Publicado em 18 de outubro de 2017 às 06h23.
Última atualização em 18 de outubro de 2017 às 07h07.
A chanceler alemã, Angela Merkel, começa hoje a dura tarefa de negociar a coalizão de seu próximo governo. Nesta quarta-feira ela se reúne com líderes do Partido Liberal Democrata (FDP) para costurar as conversas, definir cargos e tentar angariar apoio antes de uma conversa com membros do Partido Verde (Grüne).
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As eleições realizadas em setembro deram uma importante fatia do parlamento ao partido Alternativa para a Alemanha (AfD), de extrema direita, que ficou com 12,6% dos votos, e colocou os aliados de Merkel num impasse.
A União de Merkel, formada pelos partidos conservadores CSU e CDU, só pode formar uma coalizão efetiva com ambos Grüne e FDP. Embora o partido tenha tido a maior parte dos votos, 32,9%, o desempenho da União ficou aquém de anos anteriores, o que legou Merkel a uma situação difícil, com a necessidade de negociar com muitos parceiros.
Havia a possibilidade de uma coalizão com o Partido Social Democrata (SPD), que teve 20,5% dos votos, e que passou os últimos 4 anos no governo, como uma oposição interna, mas isso jogaria a oposição no colo da extrema direita.
Em 12 anos de governo, Angela Merkel aprendeu o que significam duras negociações. E o FDP parece ser a mais nova delas. O partido, bastante pró negócios, já deixou claro que não aceita, de maneira alguma, que o ministério das Finanças permaneça nas mãos da CDU.
“Um ministro da CSU, do FDP e até do Grüne seria melhor do que deixar o escritório de chanceler e esse ministério nas mãos da CDU”, disse Christian Lindner, presidente do FDP, ao jornal Frankfurter Allgemeine Zeitung. O líder da União, Volker Kauder, já clamou o centro financeiro para si, complicando a situação. Além disso, será necessário convencer a ala mais à esquerda do Grüne a aceitar a coalizão com partidos mais conservadores.
Com a renúncia do SPD, a coalizão “Jamaica”, em alusão às cores da partidos, é a única matematicamente viável. Mas os democratas cristãos estão enfraquecidos nas negociações. Para Merkel, a negociação de hoje é só o começo de uma grande dor de cabeça política.