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Merkel enfrenta avanço da extrema direita na Alemanha

Após a chegada de 1 milhão de demandantes de asilo e 2 atentados reivindicados pelo EI, eleições devem antecipar o que aguarda a chefe de Governo conservadora


	Angela Merkel: Merkel não se arrepende da decisão de 2015, que chama de "dever humanitário"
 (Hannibal Hanschke / Reuters)

Angela Merkel: Merkel não se arrepende da decisão de 2015, que chama de "dever humanitário" (Hannibal Hanschke / Reuters)

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Da Redação

Publicado em 1 de setembro de 2016 às 11h39.

Um ano depois da decisão da Alemanha de abrir as fronteiras aos refugiados, duas eleições regionais podem marcar o avanço da extrema direita no país, o que seria um grande revés para a chanceler Angela Merkel.

Mecklemburgo-Pomerânia Ocidental (nordeste), a circunscrição de Merkel, vai às urnas no domingo para renovar o Parlamento regional.

A votação coincide com o primeiro aniversário da decisão da Alemanha e da Áustria, em 4 de setembro de 2015, de abrir suas fronteiras a dezenas de milhares de migrantes bloqueados no leste da Europa.

A capital Berlim, que tem status de Estado-região, vai definir sua assembleia local em uma eleição em 18 de setembro.

Após a chegada de um milhão de demandantes de asilo e dois atentados reivindicados em julho pelo grupo Estado Islâmico, as eleições devem antecipar o que aguarda a chefe de Governo conservadora, um ano antes das próximas legislativas.

Apesar da popularidade crescente do partido anti-imigração Alternativa para a Alemanha (AfD), Merkel não se arrepende da decisão de 2015, que chama de "dever humanitário".

Mas o entusiasmo do povo alemão, que em um primeiro momento recebeu os migrantes nas estações de trem, deu lugar a uma realidade contrastante: a de um país onde a mobilização de voluntários continua muito forte, mas onde paralelamente a inquietação é cada vez maior.

Debilitada, mas sem adversário

Tanto na Europa como na Alemanha, várias vozes acusam Merkel de ter provocado um efeito manada, que deve atrair mais migrantes, desestabilizando seu país e a UE.

Com a chegada de centenas de milhares de homens, mulheres e crianças em fuga da guerra e da pobreza, surgiram "novos temores" na maior economia europeia, o que provocou uma "guinada à direita" no debate político, explica à AFP Gero Neugebauer, da Universidade Livre de Berlim.

Os atentados de julho concluíram a inclusão da "segurança interna e da luta contra o terrorismo" como principal preocupação, segundo uma pesquisa de Deutschlandtrend divulgada pelo canal ARD.

A popularidade de Angela Merkel, que permanecia estável apesar de 11 anos de poder, desabou: 75% em abril de 2015, 45% em agosto de 2016.

Por este motivo, segundo a imprensa, Merkel adiou o anúncio de sua candidatura para um novo mandato.

Apesar de fragilizada, Merkel não tem no momento nenhum rival a sua altura. Mas se o seu partido, CDU, registrar uma votação ruim em Mecklemburgo isto seria um golpe duro, já que este é o reduto eleitoral da chanceler.

- Desafio migratório 'subestimado' -

A nível federal e local, o cenário político já mudou, com a entrada em metade dos 16 parlamentos regionais do AfD, que conseguiu avançar como nenhum outro partido de direita havia conseguido desde a guerra.

Com pesquisas que apontam 14% das intenções de voto em Berlim e até 23% em Mecklemburgo, a AfD influencia a pauta dos grandes partidos, o que leva certos líderes a endurecer os discursos, incluindo alguns dentro do grupo social-democrata, aliado de Merkel e em queda livre nas sondagens.

O líder do Partido Social-Democrata (SPD), Sigmar Gabriel, afirmou que a chanceler "subestimou" o alcance do desafio migratório.

A AfD, criada em 2013 com uma plataforma contrária ao euro, adaptou seu discurso aos temores do momento. No ano passado, adotou uma linha anti-imigração, que depois do fechamento da rota dos Bálcãs se transformou em um programa contrário ao islã.

O partido consegue mobilizar pessoas que optariam pela abstenção, mas também conquista votos entre os eleitores de todo o leque político, da esquerda radical do Die Linke aos neonazistas, passando pelos liberais do FDP, segundo o instituto de pesquisas DIW.

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