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Merkel é recebida em Lisboa com vídeo sobre Portugal

A gravação foi exibida em painéis audiovisuais da associação Turismo Lisboa em vários pontos da cidade

A chanceler Angela Merkel em coletiva de imprensa na capital alemã, Berlim (Tobias Schwarz/Reuters)

A chanceler Angela Merkel em coletiva de imprensa na capital alemã, Berlim (Tobias Schwarz/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 12 de novembro de 2012 às 20h06.

Lisboa - A chanceler alemã, Angela Merkel, chegou nesta segunda-feira a Lisboa e foi recebida com a exibição de um vídeo dirigido aos alemães onde se explica a realidade portuguesa e são desmentidos alguns mitos germânicos sobre Portugal.

A gravação foi exibida em painéis audiovisuais da associação Turismo Lisboa em vários pontos da cidade, segundo confirmaram à Agência Efe fontes municipais.

O filme, de quase cinco minutos e que segundo a imprensa portuguesa não obteve as permissões para sua exibição propagandista na Alemanha, já acumula mais de 150 mil visualizações no YouTube.

O título do vídeo, ''Ich bin ein Berliner'' (''Eu sou berlinense''), parafraseia um famoso discurso pronunciado pelo ex-presidente dos Estados Unidos, John Fitzgerald Kennedy na atual capital alemã em 1963, em plena ''Guerra Fria''.

A filmagem repassa os esforços das três décadas de democracia portuguesa, após a ditadura de António de Oliveira Salazar, para reduzir o analfabetismo e a mortalidade infantil e levar a expectativa de vida até os níveis da média europeia. ''E sem plano Marshall'', lembra uma voz em ''off'', em referência à ajuda americana recebida pela Alemanha após o desaparecimento do regime nazista.

O vídeo destaca também que os portugueses trabalham 38,9 horas semanais, frente às 35,7 dos alemães; se aposentam - em média - aos 67 anos (cinco a mais que os germânicos) e que dispõem de 22 dias de férias, frente aos 24 dos trabalhadores da Alemanha.

Além disso, ressalta que o salário médio de um português, que gira em torno dos 17 mil euros anuais, é praticamente a metade que o de um alemão; e o pagamento de mais impostos, sobretudo depois das últimas altas aprovadas pelo governo conservador luso.

A filmagem lembra a bateria de rigorosos ajustes aprovados em Portugal durante os últimos dois anos, a maioria a pedido da UE e do FMI em troca de seu resgate financeiro, assim como o aumento acentuado do desemprego para 16%.


''Mesmo assim, parece que há quem pense que não nos esforçamos o suficiente, que não trabalhamos o suficiente, que sempre estamos em festa'', lamenta o narrador.

O filme reconhece, no entanto, que o país também foi mal ao ''desperdiçar dinheiro em coisas desnecessárias'', embora lembre que a Alemanha se beneficiou de muitas delas.

Também são citados como exemplos a renovação do parque automobilístico, com marcas alemãs como Volkswagen, Audi, BMW e Mercedes, entre as preferidas, assim como a compra, em 2 bilhões de euros, de dois submarinos de uso militar a uma companhia desse mesmo país.

O filme ainda lembra que na construção dos estádios de futebol para a Eurocopa 2004, houve participação de muitas firmas alemãs.

O autor do filme é o blogueiro português Rodrigo Moita de Deus, que recebeu a ajuda de Marcelo Rebelo de Sousa, antigo líder do Partido Social Democrata (atualmente no governo) e hoje renomado analista político.

Segundo a imprensa portuguesa, o vídeo ia ser exibido na Alemanha, onde os autores tinham comprado espaços publicitários, mas as autoridades do país não deram as permissões necessárias por considerar que seu conteúdo transmite uma mensagem ''politizada''.

A visita de Angela Merkel a Portugal inclui reuniões com as principais autoridades do país e sua participação em um fórum empresarial luso-germânico.

Vários grupos de cidadãos organizaram mobilizações para mostrar sua rejeição às políticas de austeridade e à presença da chanceler, cuja chegada a Lisboa aconteceu em meio a medidas de segurança extraordinárias. 

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