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Merkel destitui membro do governo por ter votado com extrema direita

O político ocupava um posto-chave para a coordenação da política federal alemã nos Estados regionais da antiga RDA, uma região economicamente mais atrasada

Angela Merkel: a chanceler classificou a situação como "imperdoável" (Kacper Pempel/Reuters)

Angela Merkel: a chanceler classificou a situação como "imperdoável" (Kacper Pempel/Reuters)

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AFP

Publicado em 8 de fevereiro de 2020 às 11h41.

A chanceler alemã, Angela Merkel, destituiu um membro de seu governo e de seu próprio partido conservador, neste sábado (8), em função do escândalo causado por uma coalizão de deputados regionais da direita com um partido de extrema direita.

Christian Hirte foi destituído, após demonstrar sua satisfação, esta semana no Twitter, com a eleição de um novo dirigente para a região da Turíngia, alavancado com os votos do partido democrata-cristão de Angela Merkel, a CDU, e da sigla de extrema direita Alternativa pela Alemanha (AfD).

"A chanceler me informou que não podia mais ser comissário do governo para os Estados regionais do Leste da Alemanha. A seu pedido, solicitei ser destituído das minhas funções", tuitou Hirte, muito criticado nos últimos dias.

Hirte ocupava um posto-chave para a coordenação da política federal alemã nos Estados regionais da antiga RDA, uma região economicamente mais atrasada, e também era secretário de Estado no Ministério da Economia e da Energia.

Além disso, é vice-presidente regional da CDU na Turíngia.

Sócios dos conservadores no plano nacional, os socialdemocratas pediram a saída de Hirte.

A votação na Turíngia causou comoção no país, ao romper um tabu na política alemã desde o Pós-Guerra: o da rejeição dos conservadores a qualquer aliança com a extrema direita.

Foi a primeira vez, na história do Pós-Guerra na Alemanha, que um presidente regional se elegeu, graças aos votos da extrema direita. Também foi a primeira vez, desde então, que direita moderada e extrema direita votaram juntas neste tipo de consulta.

Desde a criação da AfD há sete anos, e ao contrário do que aconteceu na vizinha Áustria, todas as legendas do país haviam descartado qualquer aliança, ou cooperação, com esse partido anti-imigração.

Já no dia seguinte da votação, no dia 6, Merkel classificou a situação como "imperdoável".

"Tem que dizer que é um ato imperdoável e que, por consequência, o resultado (destas eleições) deve ser anulado", frisou Merkel.

Hirte é a segunda queda neste caso dentro da sigla da chanceler, depois de o líder dos conservadores da CDU na Turíngia, Mike Möhring, ter anunciado na sexta-feira que deixará o cargo em maio.

Foi ele que supervisionou a votação dos deputados da CDU da Turíngia, quando elegeram o novo dirigente regional.

Este último, Thomas Kemmerich, um deputado da sigla democrática-liberal FDP (minoritária), anunciou que, levando-se em conta a polêmica deflagrada, abandonaria o posto em breve. Com isso, abre-se caminho para novas eleições regionais.

"Decidimos solicitar a dissolução do Parlamento da Turíngia (...), e minha renúncia é inevitável", declarou o controverso presidente regional eleito, em resposta a Merkel, ao anunciar sua decisão.

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