Brexit: primeiro-ministro britânico diz querer que a saída ocorra com um acordo, mas garante que o Brexit acontecerá no dia 31 de outubro, com ou sem pacto (Omer Messinger / Freelancer/Getty Images)
AFP
Publicado em 8 de outubro de 2019 às 10h30.
Última atualização em 8 de outubro de 2019 às 10h33.
São Paulo — Uma fonte de Downing Street afirmou nesta terça-feira que a chanceler alemã, Angela Merkel, advertiu o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, de que é "improvável" alcançar um acordo sobre o Brexit, exceto se o governo do Reino Unido fizer mais concessões.
Em uma conversa telefônica durante a manhã, Merkel disse a Johnson que um acordo é "extremamente improvável", a menos que Londres aceite manter a província da Irlanda do Norte em uma união alfandegária com a União Europeia, acrescentou a fonte.
Mas para Londres a exigência faz com que um acordo seja "essencialmente impossível", indicou a fonte, destacando que Johnson afirmou a Merkel ter apresentado uma proposta razoável.
O governo alemão não divulgou até o momento sua versão da conversa.
O presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, criticou nesta terça-feira a gestão do Brexit feita pelo primeiro-ministro do Reino Unido.
"O que está em jogo não se trata de ganhar um estúpido jogo de culpa. Está em jogo o futuro da Europa e do Reino Unido, assim como a segurança e os interesses do nosso povo. Você não quer um acordo, não quer uma extensão (das negociações), não quer revogá-lo, quo vadis ("para onde vai", em latim)?", disse Tusk no Twitter".
O político polonês se pronunciou após saber que o governo britânico se prepara para uma ruptura das conversas com a União Europeia (UE) sobre o Brexit nesta mesma semana, segundo informaram fontes do governo à emissora pública britânica "BBC".
De acordo com essas fontes, o bloco europeu não demonstrou interesse em "ceder um centímetro" nas conversas desde que Johnson apresentou na semana passada as suas novas propostas para conseguir um acordo com a UE.
O primeiro-ministro britânico diz querer que a saída ocorra com um acordo, mas garante que o Brexit acontecerá no dia 31 de outubro, com ou sem pacto.
Boris Johnson já disse que preferiria "morrer em uma vala" antes de pedir uma prorrogação até o final de janeiro, embora uma lei impulsionada pela oposição obrigue o governo a solicitar uma extensão das negociações caso haja um acordo pronto até 19 de outubro.
A Comissão Europeia garantiu que as negociações em nível técnico com o Reino Unido não se romperam.
"As conversas continuam, portanto não sei como poderiam ter sido rompidas se estão acontecendo hoje mesmo e seguirão nos próximos dias", disse a porta-voz do governo comunitário, Mina Andreeva, ao acrescentar que o negociador-chefe da UE, Michel Barnier, informará amanhã ao resto dos comissários sobre estado das conversas.
A porta-voz afirmou que a UE segue trabalhando sob a premissa de que o Reino Unido sairá no dia 31 de outubro, dado que assim foi reiterado "pelo primeiro-ministro britânico".
Bruxelas nega que queira "prejudicar o Acordo da Sexta-feira Santa" (ou Acordo de Belfast, para o processo de paz na Irlanda e na do Norte) com a recusa a aceitar as propostas de Johnson, como afirmam nesta terça-feira fontes oficiais de Downing Street, o escritório do primeiro-ministro britânico.
"Sob nenhuma circunstância aceitaremos que a UE quer danificar o Acordo da Sexta-feira Santa. O propósito do nosso trabalho é protegê-lo em todas as suas dimensões e o tempo todo. A nossa posição não mudou, queremos um acordo (com o Reino Unido), estamos trabalhando para isso", disse Andreeva