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Mercosul ainda é origem e destino para tráfico de mulheres

A região continua sendo uma área de origem, trânsito e destino para o tráfico de mulheres com fins de exploração sexual e escravidão, diz relatório


	Tráfico de mulheres: o diagnóstico da situação mostra que os países do Mercosul são uma região de origem para o tráfico humano, especialmente em direção aos EUA
 (Vladimir Marcano/Bloomberg)

Tráfico de mulheres: o diagnóstico da situação mostra que os países do Mercosul são uma região de origem para o tráfico humano, especialmente em direção aos EUA (Vladimir Marcano/Bloomberg)

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Da Redação

Publicado em 23 de setembro de 2015 às 17h20.

Montevidéu - O Mercosul continua sendo uma região de origem, trânsito e destino para o tráfico de mulheres com fins de exploração sexual e escravidão, indicou o relatório "Mercosul Livre de Tráfico de Mulheres" apresentado nesta quarta-feira em Montevidéu.

O estudo foi elaborado pela Cooperação Espanhola (Aecid) em parceria com diferentes instituições públicas e civis que tratam sobre o problema no bloco econômico, formado por Argentina, Brasil, Paraguai, Uruguai e Venezuela.

No marco do "Dia Internacional contra a Exploração Sexual e o Tráfico de Mulheres, Meninas e Meninos", o diagnóstico da situação mostra que os países integrantes do Mercosul são uma região de origem para o tráfico humano, especialmente em direção aos Estados Unidos, à Europa e à Ásia.

Além disso, o estudo indica que o Mercosul é considerado como uma zona de passagem e destino para a "escravidão moderna", principalmente rumo a Argentina e Brasil, assim como para mulheres procedentes de outros países da América Latina que não fazem parte do bloco.

Apesar de o relatório ter sido elaborado em 2011, momento no qual a Venezuela não era membro pleno do órgão, o fato não teve grande influência no resultado da pesquisa.

Brasil e Argentina, os dos maiores países do continente, com cerca de 200 milhões e 43 milhões de habitantes, respectivamente, são os mais afetados pelo problema, devido as suas "dimensões e complexidades territoriais", explicou à Agência Efe Daniela Sena, chefe do setor de Promoção de Direitos e Prevenção da Violência de Gênero no Ministério do Desenvolvimento do Uruguai.

Apesar da menor população, Paraguai e Uruguai, com 7 milhões e 4 milhões de habitantes, respectivamente, não ficam atrás dos vizinhos se os dados forem considerados de forma proporcional.

"Segue existindo hoje dificuldades na detecção e na identificação da problemática. Termos números válidos e acabados é muito complexo", afirmou Daniela sobre as dificuldades de obter estatísticas oficiais sobre as mulheres afetadas na região.

O objetivo principal da campanha regional é prevenir o crime internacional contra a humanidade nas zonas de fronteira entre os países e facilitar o intercâmbio de informações entre os governos.

Além disso, pretende promover que os servidores públicos e operadores sociais se mantenham alerta para poder colaborar entre si e evitar o crescimento da problemática no Mercosul.

Uma das formas de divulgação de informações, entre muitas outras, é a colocação de adesivos nas portas de banheiros em regiões fronteiriças, considerados locais onde as mulheres podem ser capturadas pelos traficantes.

A campanha, que começou a ser desenvolvida dentro do Mercosul há um ano, favorece a coordenação das instituições regionais encarregadas da luta contra o tráfico humano.

"Os números aumentaram notoriamente em 2015. Neste momento, há 260 mulheres afetadas pelo problema sendo atendidas pelos serviços sociais no Uruguai", disse a presidente do Instituto Nacional das Mulheres do Uruguai, Mariela Mazzotti.

"Talvez pareça um número baixo, mas para a proporção da população de nosso país é preocupante, porque seguramente é a ponta de um iceberg", destacou Mazzotti. 

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