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Mercado aumenta preços do etanol, afirmam usineiros

União da Indústria da Cana-de-Açúcar acredita que o consumidor vai acabar sendo o responsável por regular o preço do combustível

Cortadores de cana: na entressafra, baixa demanda já havia derrubado preço do etanol (Daniela Toviansky/EXAME)

Cortadores de cana: na entressafra, baixa demanda já havia derrubado preço do etanol (Daniela Toviansky/EXAME)

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Da Redação

Publicado em 8 de novembro de 2010 às 07h59.

Rio de Janeiro - A alta nos preços do etanol está sendo ditada pelo lado da demanda e não mais pelo da entressafra. A afirmação foi feita à Agência Brasil pelo representante da União da Indústria da Cana-de-Açúcar (Unica) Sérgio Prado.

"Não se pode fazer uma ligação direta entre a entressafra e o patamar atual do preço do álcool no mercado hoje. Essa elevação do preço, há cerca de um mês, para o patamar de R$ 0,97 a partir da usina está diretamente ligada à demanda pelo produto e não mais à entressafra”, afirmou.

Prado é direto ao afirmar que o equilíbrio de preços será dado pelo usuário nas bombas de todo o país. “É o consumidor que vai regular o mercado, pois hoje o preço é uma questão de demanda e não está mais ligado diretamente à entressafra”.

Para ele, é só lembrar o que ocorreu entre o fim do ano passado e o início deste ano, quando o consumidor acabou migrando para a gasolina e, mesmo na entressafra, houve queda de preço, o consumo chegou a cair mais de 50% de janeiro para fevereiro. "Aí o preço do etanol, mesmo com as fábricas paradas, despencou”, disse.

Na avaliação de Sérgio Prado, mesmo agora na entressafra deverá haver uma tendência maior de equilíbrio nos preços, “porque a safra deste ano é boa e não deverá faltar etanol nas usinas”.


Por isso, o executivo da Única não acredita em oscilações abruptas de preços como ocorreu no passado. “Este ano, não há a hipótese, no nosso horizonte, de que o etanol venha a faltar no país. A produção hoje é maior do que no ano passado. Enquanto a fabricação nos últimos meses chegava a 4 bilhões de litros mensalmente, o consumo encontra-se na casa dos 2 bilhões de litros por mês. Então, há estoque até a chegada da nova safra entre março e abril”, garantiu.

Mesmo com o aumento recente de preço em razão do aquecimento do mercado, Prado não acredita em grandes oscilações. “Há sim um aumento de demanda puxada pelo advento do carro flex, mas o limite para a alta do etanol é determinado pela gasolina. Quando o consumidor não vê mais vantagem no etanol, ele simplesmente migra para a gasolina, o que acaba por derrubar o preço do álcool".

O representante da Unica lembrou que isso já aconteceu no início deste ano, quando houve problemas na safra em função do clima, e o preço subiu demais. "Em janeiro, o preço na fábrica chegou a R$ 1,20 e isso acabava por elevar o preço na bomba, tornando o álcool menos vantajoso em relação à gasolina”.

Sérgio Prado estima que a safra deste ano, que ainda está sendo colhida, deverá ser mais de 11% superior à do ano passado, com a produção de etanol devendo ficar em torno dos 26 bilhões de litros.

Ele descartou, porém, que a alta de preços seja o fator determinante na queda de 13% na demanda por etanol no último mês de setembro. “Essa elevação decorre do fato de que em 2009 estava sendo praticado um preço atípico. Houve depreciação do preço do álcool no primeiro semestre do ano passado em função da crise financeira internacional, que levou à queda do consumo. As empresas colocavam o produto por um preço abaixo do que ele valia no mercado. Era um preço artificial. Naquele patamar de preço, abaixo de R$ 0,60 centavo por litro, não dava para cobrir nem o custo de produção”.

Para Sérgio Prado, o preço do etanol, nas condições atuais de mercado, é justo. “O etanol de fato vale isso. Ele não vale é o preço anterior, que acabaria por quebrar as usinas”.

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