Trem saindo de Tóquio: muitos estão fugindo para cidades mais ao sul do país (Adam Pretty/Getty Images)
Da Redação
Publicado em 17 de março de 2011 às 13h36.
Osaka - Milhares de estrangeiros deixaram Tóquio com medo de um vazamento radioativo na usina nuclear de Fukushima, enquanto muitas embaixadas começaram nesta quinta-feira a organizar operações de emergência para ajudar aqueles que desejam sair do Japão.
Embora as autoridades locais insistam que os níveis de radioatividade na capital aumentaram, mas não são alarmantes, a instável situação no complexo de Fukushima Daiichi, localizado a 250 quilômetros ao norte, levou muitas pessoas a seguirem em direção ao sul do país.
Além do temor de uma catástrofe nuclear, o anúncio feito nesta quinta de que pode acontecer a qualquer momento um grande blecaute em Tóquio - o que afetaria os serviços de transporte como os trens - fez com que japoneses e estrangeiros que estavam em dúvida se deveriam deixar a metrópole tomassem a decisão de abandoná sem prazo previsto para retornar.
Os trens em direção a Osaka partiam hoje de Tóquio muito mais cheios do que o habitual, embora sem a lotação esgotada, e neles se viam um número incomum de mulheres com crianças pequenas e inúmeras bagagens.
Na estação de Tóquio reinava a organização habitual, sem cenas de nervosismo, e dentro dos trens apenas lembravam a grave situação em Fukushima os aparelhos de televisão pelos quais podiam ser vistas as últimas notícias sobre a situação da usina nuclear.
De Tóquio, além de moradores, também saíram hoje grupos de turistas que decidiram mudar suas rotas de viagem para deixar a capital e as províncias do norte do Japão, ou aqueles que pegariam voos no aeroporto de Narita mas tiveram que seguir ao terminal de Osaka, para onde muitas companhias aéreas concentraram suas operações.
Outros se viram pressionados para abandonar o país, como Cheng, uma jovem chinesa de 29 anos. A empresa para qual ela trabalha comprou uma passagem de avião, só de ida, para que retornasse a Pequim sem que tivesse pedido.
"Não quis pegar todas as minhas coisas porque espero voltar ao Japão quando tudo isso tiver passado. Meus amigos ficaram, mas estão forçando a volta das mulheres jovens", disse Cheng à Agência Efe enquanto aguardava para embarcar em Narita.
Embora destaquem a importância de seguir as diretrizes de segurança do governo japonês, que evacuou um raio de 20 quilômetros em torno da usina nuclear, muitas embaixadas no Japão recomendaram a seus cidadãos na região de Kanto (onde está Tóquio) para que considerem ir para o sul.
Alguns governos, como os de Espanha, México e Colômbia, anunciaram hoje o envio de aviões a Tóquio para repatriar cidadãos que ficaram desabrigados que desejam abandonar a capital voluntariamente.
Autoridades mexicanas fretaram um avião que permitirá que sejam retirados do Japão cerca de 230 pessoas, enquanto as da Colômbia informaram que enviarão uma aeronave no fim de semana.
O governo espanhol, por sua vez, informou que estuda a possibilidade de colocar "meios aéreos" à disposição de seus cidadãos que queiram deixar o Japão, "dando prioridade às pessoas enfermas e as acompanhadas de menores de idade".
Também é recomendado não se aproximar a um raio de mais de 120 quilômetros da usina nuclear, enquanto delegações como a mexicana ou a americana limitam a advertência a um raio de 80 quilômetros.
O Japão retirou cerca de 228 mil cidadãos de um raio de 20 quilômetros da usina nuclear e recomendou aos que estejam entre 20 e 30 quilômetros que não saiam de suas casas.