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Medidas dos EUA confirmam retrocesso bilateral, diz Cuba

O governo americano colocou em prática a intenção de Trump em reverter o processo de desgelo iniciado pelo governo de Barack Obama

Cuba e Estados Unidos iniciaram em dezembro de 2014 um processo de normalização das suas relações (Ueslei Marcelino/Reuters)

Cuba e Estados Unidos iniciaram em dezembro de 2014 um processo de normalização das suas relações (Ueslei Marcelino/Reuters)

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EFE

Publicado em 9 de novembro de 2017 às 06h37.

Havana - O governo de Cuba considerou na quarta-feira que as medidas dos Estados Unidos que entram em vigor nesta quinta, para dificultar as viagens e negócios com a Ilha confirmam "um sério retrocesso nas relações bilaterais", intensificam o "bloqueio" do país e, em alguns casos, têm um propósito subversivo.

A diretora da Divisão dos EUA no Ministério das Relações Exteriores, Josefina Vidal, advertiu em entrevista para imprensa estrangeira que os novos regulamentos não só prejudicarão a economia do país, mas também "ao povo cubano" e os interesses da comunidade empresarial americana.

"Isso funcionou em 55 anos? É o velho discurso, 'nós sancionamos Cuba, pressionamos seu governo para provocar mudanças'. Não funciona, não funcionou nunca", disse.

A legislação publicada na quarta-feira, pelos departamentos de Estado, Tesouro e Comércio, colocam em prática o memorando assinado em junho pelo presidente americano, Donald Trump, no qual ele expressou sua intenção de reverter o processo de desgelo iniciado pelo governo de Barack Obama.

"Não apenas prejudicarão os setores estaduais e não estatais da nossa economia, mas também os cidadãos americanos 'verão ainda mais restrito' seu direito de viajar para Cuba", afirmou Josefina.

Entre as medidas está a proibição das transações com 179 empresas e entidades vinculadas aos ministérios cubanos das Forças Armadas (Minfar) e do Interior (Minint), que foram enumeradas numa lista que inclui hotéis, lojas, agências de turismo, marinhas, estaleiros e até marcas de refrigerantes e rum.

Josefina Vidal se referiu a esta lista como "arbitrária" e acrescentou que inclui entidades "supostamente vinculadas de maneira infundada" aos setores da defesa e segurança na ilha.

"Eles chegam ao cúmulo de incluir marcas comerciais de refrigerantes, rum e até mesmo um serviço de fotografia", disse.

Sobre os regulamentos que modificam as categorias de viagem às quais os cidadãos dos EUA podem viajar para o país caribenho - onde eles ainda estão proibidos de ir como turistas -, opinou que algumas denotam "uma clara intenção política".

A diplomata se referiu aos novos requisitos sob a categoria de "viagens em apoio ao povo cubano", que passam por "cumprir um programa de atividades de tempo integral que implique, seguindo os patrões dos EUA, manter contatos com as pessoas, para apoiar o que é conhecido nos EUA como sociedade civil cubana e promover a independência dessas entidades da sociedade civil do Estado cubano".

Josefina defendeu que o governo cubano acredita que "a maneira de se relacionar é através do intercâmbio entre nossos povos e relações econômicas mutuamente benéficas".

Além disso, descartou que Cuba retaliará por esses novos regulamentos, "pois nunca fez isso".

"Cuba nunca tomou medidas de retaliação ou aplicou sanções contra os americanos. As sanções unilaterais não têm lugar no mundo, elas danificam desnecessariamente", acrescentou.

Cuba e Estados Unidos iniciaram em dezembro de 2014 um processo de normalização das suas relações que se refletiu, em 2015, na reabertura mútua das embaixadas após mais de meio século de enfrentamento.

A chegada à Casa Branca de Donald Trump, um defensor da manutenção do embargo econômico a Cuba, significou uma mudança radical nessa abordagem.

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