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OMS vê sinais de estabilização na curva de casos de covid-19 na Europa

Ghebreyesus, diretor da organização, também disse que flexibilização de quarentena deve ser feita aos poucos no país

Tedros Adhanom Ghebreyesus: "É difícil sobreviver a um 'lockdown' quando se depende do trabalho diário para comer" (Christopher Black/OMS/Reuters)

Tedros Adhanom Ghebreyesus: "É difícil sobreviver a um 'lockdown' quando se depende do trabalho diário para comer" (Christopher Black/OMS/Reuters)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 13 de abril de 2020 às 13h46.

Última atualização em 13 de abril de 2020 às 14h05.

O comando da Organização Mundial de Saúde (OMS) afirmou, em entrevista coletiva nesta segunda-feira, 13, que há sinais de estabilização na curva de novos casos de coronavírus em vários países, no continente europeu. A entidade lembrou o fato de que algumas dessas nações retiraram pressão do sistema de saúde com restrições mais fortes à circulação de pessoas ("lockdowns"), o que ajudou esse controle.

A OMS afirmou que o fato de que o quadro ainda é de restrição à circulação não impede os governos de já pensar nos passos seguintes.

De qualquer modo, a OMS insiste que será preciso "mudar nossos comportamentos no futuro previsível", para evitar mais mortes. Segundo a OMS, não é possível fazer a transição de uma vez de um quadro de restrição total de circulação para outro de total circulação das pessoas.

O diretor-geral da Organização Mundial de Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, também afirmou que as medidas de restrição social impostas por causa da pandemia de coronavírus terão de ser retiradas "de modo lento, controlado".

De acordo com a entidade, conforme os países e regiões saem das situações de lockdown, pode haver novo salto nos novos casos da covid-19. "O único meio de sair dessa situação é achar o vírus, testar e isolar os doentes", voltou a recomendar a entidade.

Neste quadro, o comando da OMS pediu que os países tomem a decisão sobre reforçar ou relaxar a circulação de pessoas tendo como prioridade a saúde humana e que isso seja parte de uma estratégia abrangente de medidas contra a covid-19.

Tedros Ghebreyesus notou que alguns países e regiões enfrentam "restrições econômicas severas" há semanas ou mesmo meses.

"É difícil sobreviver a um 'lockdown' quando se depende do trabalho diário para comer", admitiu, referindo-se a medidas de restrição mais forte de circulação, impostas por algumas das nações ou regiões especialmente afetadas. Ainda assim, o diretor-geral destacou que a curva de novos casos acelera rápido, mas desacelera de modo mais devagar.

O comando da OMS lembrou que há relatos pelo mundo de muitas pessoas em risco de passar fome ou já nessa situação. No caso das crianças, há 1,4 bilhão delas sem escola, o que aumenta o risco de abusos e também de se ficar sem acesso a alimentos.

"Em muitos países, a ordem de ficar em casa pode não ser prática", reconheceu a entidade, notando que há muitos pobres e imigrantes e refugiados vivendo em residências lotadas, com poucos recursos.

Nesse contexto, Ghebreyesus apontou que o isolamento social é "apenas parte da equação das medidas" contra a covid-19. A OMS voltou a insistir que essa equação precisa incluir a busca de casos, testes e o isolamento dos doentes, para conter a disseminação da doença.

Uma alternativa à frente pode ser a retirada de restrições primeiro em áreas estratégicas, com menos casos. "As pessoas precisam entender que pode levar mais tempo para elas ficarem em casa, mas que isso é temporário", afirmou o diretor executivo do Programa de Emergências à Saúde da OMS, Michael Ryan.

Líder da resposta da OMS à pandemia, a epidemiologista Maria Van Kerkhove disse que a entidade ainda precisa de muito mais dados para conhecer melhor a doença, por exemplo por quanto tempo uma pessoa infectada pode transmiti-la.

A OMS recomenda que pessoas expostas a contaminados pelo coronavírus façam quarentena durante 14 dias. Além disso, no caso de um indivíduo suspeito que eventualmente não possa fazer teste para confirmar a doença, ele deve ficar isolado durante a duração dos sintomas, mais outros 14 dias, diz a OMS.

Há ainda, segundo a entidade, a possibilidade de que alguns indivíduos possam transmitir o coronavírus por mais tempo, o que também precisará ser mais estudado, disseram os especialistas.

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