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Médicos russos que atenderam Navalny dizem que não foram pressionados

Alexei Navalny, um dos principais opositores do governo Putin, foi transferido para a Alemanha. A família afirma que médicos russos deram diagnóstico falso

Manifestante com cartaz de Alexei Navalny: opositor agora está em hospital na Alemanha (AFP/AFP)

Manifestante com cartaz de Alexei Navalny: opositor agora está em hospital na Alemanha (AFP/AFP)

CR

Carolina Riveira

Publicado em 24 de agosto de 2020 às 08h44.

Última atualização em 24 de agosto de 2020 às 09h06.

Os médicos russos do hospital de Omsk, na Sibéria, onde o opositor Alexei Navalny ficou internado antes de ser transferido para a Alemanha, dizem que não sofreram nenhuma pressão externa no tratamento do ativista. A declaração foi dada nesta segunda-feira, 24.

Os médicos têm dito que não encontraram veneno no corpo de Navalny, enquanto sua família e apoiadores afirmaram que ele tinha sido envenenado com substâncias em seu chá.

"Não entramos em acordo sobre o diagnóstico com ninguém. Ninguém de fora exerceu qualquer pressão contra nós, nem da parte dos médicos ou de outras forças", disse Alexander Murakhovski, médico chefe do hospital de Omsk, em uma entrevista coletiva virtual.

"Com grandes esforços, salvamos a vida dele", completou.

Navalny é um dos principais opositores do presidente russo, Vladimir Putin. Além do diagnóstico, outro ponto de embate entre os médicos e a família foi a recusa inicial de autorizar a transferência do político para o exterior. A equipe de Navalny afirmou que essa era uma "decisão política que ameaçava a vida".

A esposa do ativista, Yulia Navalnaya, disse que "não confiava" no hospital. Ela afirmou que foi impedida de ver o marido e depois não foi autorizada a conversar com os médicos alemães que viajaram até a Sibéria.

A equipe de Navalny afirma ainda que o atraso na autorização de transferência deu tempo para a dissolução da possível substância tóxica, o que impediria sua detecção.

Anatoli Kalinishenko, outro diretor do hospital de Omsk, afirmou que, de acordo com dois laboratórios, em Omsk e Moscou, "nenhuma substância que pode ser considerada como veneno (...) foi identificada" no organismo de Navalny.

"Foi desagradável que jornalistas e médicos de renome internacional tenham feito comentários sem ter nenhuma informação", lamentou. Ele também disse que recebeu "dezenas de ameaças".

Navalny, advogado de 44 anos que se tornou o principal opositor do Kremlin com publicações sobre a corrupção das elites russas, foi hospitalizado na última quinta-feira em Omsk, em coma, depois de passar mal a bordo de um avião. Agora, ele está internado no hospital Charité de Berlim, um dos mais prestigiosos de Europa.

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