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Cubanos sentem orgulho de arriscar suas vidas contra ebola

Entre os 15 mil profissionais que se ofereceram, apenas os 256 foram selecionados para combater a doença na África Ocidental

Médico cubano Adrian Benitez antes de viagem para a Libéria para ajudar a combater o ebola (Enrique De La Osa/Reuters)

Médico cubano Adrian Benitez antes de viagem para a Libéria para ajudar a combater o ebola (Enrique De La Osa/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 21 de outubro de 2014 às 20h29.

Havana - Médicos e enfermeiros cubanos que partem para a África Ocidental para combater o ebola se consideram sortudos. Entre os 15 mil profissionais que se ofereceram, eles estão entre apenas os 256 que foram selecionados para o trabalho.

"Houve brigas, discussões acaloradas, com alguns médicos perguntando: 'Como é que o meu colega vai e eu não posso?'", disse o doutor Adrian Benitez, de 46 anos, nesta terça-feira, poucas horas antes de embarcar para a Libéria.

Apesar de um alarme global sobre o pior surto de ebola na história, médicos cubanos estão ansiosos para viajar à África Ocidental e começar a curar os doentes.

Apelidados de "Exército de jalecos brancos" e citando uma longa história de missões médicas cubanas na África e em outros lugares, eles falam de um sentido de dever e estão dispostos a assumir os riscos.

"Sabemos que estamos lutando contra algo que não compreendemos totalmente. Sabemos o que pode acontecer. Sabemos que estamos indo para um ambiente hostil", disse Leonardo Fernández, de 63 anos.

"Mas é nosso dever. É assim que fomos educados." O vírus ebola já matou mais de 4.500 pessoas desde março, a maioria em Serra Leoa, Guiné e Libéria. Os números incluem mais de 200 trabalhadores da saúde.

Um total de 165 médicos e enfermeiros cubanos já chegou a Serra Leoa e outros 91 estavam viajando nesta terça-feira para missões de seis meses, sendo 53 destinados à Libéria e 38 a Guiné.

No entanto, outros 205 médicos passaram por um curso de formação de três semanas em Cuba, com extensa prática no uso das vestimentas de proteção, mas ainda têm de ser autorizados a integrar a missão contra o ebola.

Trata-se do mais recente exemplo de diplomacia médica de Cuba. A ilha caribenha já enviou equipes médicas para locais de desastres em todo o mundo desde a revolução de 1959 que levou Fidel Castro ao poder.

Não há cura comprovada para o ebola, e cerca de metade daqueles que contraem a doença morre.

Vários dos médicos repetiram uma frase frequentemente citada dentro da cultura médica de Cuba: "Nós não oferecemos o que temos de sobra. Nós compartilhamos o que temos." "Somos capazes de compartilhar este pouco que temos quando as pessoas precisam. É um conceito básico", disse Fernández.

Os profissionais recrutados para as missões contra o ebola foram submetidos a três semanas de treinamento no Instituto de Medicina Tropical Pedro Kouri, nos arredores de Havana, onde os treinadores montaram um hospital de campanha para simular as condições na África Ocidental.

Caso médicos ou enfermeiros cubanos contraiam o ebola na África Ocidental, eles serão tratados em um local especial para os trabalhadores humanitários internacionais, disse o diretor do Instituto Pedro Kouri, Jorge Perez.

Todos eles serão mantidos por pelo menos 21 dias em observação no hospital ao retornar a Cuba, o mesmo tempo que qualquer visitante que vem à ilha dos países afetados também é submetido.

Apesar dos riscos e inconvenientes, Ivan Rodríguez, de 50 anos, disse que sua família estava orgulhosa e o apoiava.

"Eu teria ficado desapontado e triste se eles tivessem ficado com medo por eu dar este passo", disse Rodríguez. "Agora, há 15 mil (voluntários). Estou convencido de que poderia haver mais de 15 mil."

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