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Mediadores africanos chegam à Líbia

Delegação quer propor aos rebeldes os mesmos termos já aceitos por Kadafi para o cessar-fogo

Rebeldes líbios: oposição quer que forças do regime saiam das ruas antes de negociar (Aris Messinis/AFP)

Rebeldes líbios: oposição quer que forças do regime saiam das ruas antes de negociar (Aris Messinis/AFP)

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Da Redação

Publicado em 11 de abril de 2011 às 10h34.

Benghazi, Líbia - Uma delegação de mediadores africanos chegou nesta segunda-feira a Benghazi (leste), reduto dos rebeldes líbios, um dia depois de uma reunião com o ditador Muammar Kadafi em Trípoli, para tentar obter um acordo de cessar-fogo.

A delegação desembarcou no aeroporto de Benghazi com o objetivo de propor ao opositor Conselho Nacional de Transição (CNT) o "mapa do caminho" que foi aceito na véspera por Kadafi.

Momentos antes, os rebeldes declararam que as tropas governamentais devem deixar as ruas e o regime deve respeitar a liberdade de expressão antes do estabelecimento de um cessar-fogo.

"As pessoas devem ser autorizadas a expressar sua opinião nas ruas e os soldados devem retornar para os quartéis", declarou à AFP Chamsedin Abdelmullah, porta-voz do Conselho Nacional de Transição (CNT), órgão representativo dos insurgentes.

"Se as pessoas tivessem a liberdade de sair e manifestar em Trípoli, imagino que a Líbia seria libertada em pouco tempo", completou Abdelmullah.

Segundo o porta-voz rebelde, a delegação de mediadores da UA, que no domingo se reuniu com Kadafi, chegará a Benghazi nesta segunda-feira.

O secretário-geral da Otan, Anders Fogh Rasmussen, por sua vez, afirmou nesta segunda-feira qualquer cessar-fogo na Líbia deve ser concreto e verificável, depois que a União Africana (UA) anunciou que Trípoli aceitou um plano de paz.


Na véspera, o governo de Kadafi afirmou ter aceitado o "mapa do caminho" proposto pela UA como saída pacífica para o conflito na Líbia, conforme declarou o presidente sul-africano Jacob Zuma.

"A delegação de Kadafi aceitou o mapa do caminho proposto pela UA", disse o presidente em uma breve declaração aos jornalistas em Trípoli.

"A solução proposta será detalhada em um comunicado", acrescentou, sem precisar quando o texto será divulgado.

Zuma explicou que outros "compromissos" o obrigavam a deixar a Líbia na noite deste domingo. Mas disse que outros membros da delegação passariam a noite em Trípoli e viajariam segunda-feira para Benghazi, "capital" dos rebeldes, situada a mil quilômetros a leste de Trípoli, para tentar convencer a insurreição a depor armas.

Como de hábito, o coronel Muammar Kadafi havia recebido em uma tenda em sua residência de Bab el Aziziya a delegação presidencial da União Africana (UA) neste domingo em Trípoli.

Ao término do encontro, os membros da delegação posaram para as fotos e saíram sem prestar declarações.

A missão da UA foi integrada pelos presidentes Amadou Toumani Turé (Mali), Jacob Zuma (África do Sul), Mohamed Ould Abdel Aziz (Mauritânia) e Denis Sassou-Nguesso (Congo), além do primeiro-ministro das Relações exteriores Henry Oryem Okello, que representou o presidente de Uganda, Yoweri Museveni.


A delegação foi recebida, antes, por partidários de Muammar Kadafi, que carregavam retratos do ditador e bandeiras verdes do regime.

No sábado, após a reunião em Nuakchott, os mediadores reiteraram os objetivos de sua missão: "o fim imediato de todas as hostilidades", o envio de ajuda humanitária e o início de um diálogo entre o regime e a insurreição.

Aviões da Otan destruíram no domingo pelo menos 26 tanques do governo líbio na principal estrada da cidade de Ajdabiya (leste) e outros 14 perto de Misrata (oeste), indicou um porta-voz da Aliança Atlântica.

Um outro dirigente da Otan afirmou que os bombardeios prosseguiriam "dia e noite". Além dos tanques, a Aliança visa os depósitos de munição e as linhas de abastecimento das forças governamentais.

Misrata, por sua vez, está sendo violentamente bombardeada pelas forças do ditador Muammar Kadafi há mais de um mês, segundo o oficial.

A Cruz Vermelha Internacional (CICV) expressou no domingo sua preocupação com milhares de refugiados egípcios, sudaneses, chadianos ou de outros países bloqueados perto do porto de Misrata.

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