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Material radioativo roubado no México provocou contaminação

Autoridades localizaram fora do recipiente o material radioativo roubado, o que provocou uma contaminação fatal, informou um alto funcionário mexicano

Policial vigia sede do Instituto Nacional de Investigação Nuclear no México: material radioativo estava a mais de 500 metros do caminhão que o transportava (Yuri Cortez/AFP)

Policial vigia sede do Instituto Nacional de Investigação Nuclear no México: material radioativo estava a mais de 500 metros do caminhão que o transportava (Yuri Cortez/AFP)

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Da Redação

Publicado em 5 de dezembro de 2013 às 12h49.

México - As autoridades mexicanas localizaram nesta quarta-feira fora do recipiente o material radioativo "extremamente perigoso" roubado com um caminhão, e o caso certamente provocou uma "contaminação fatal", informou um alto funcionário mexicano à AFP.

O material radioativo estava a mais de 500 metros do caminhão que o transportava e fora do recipiente, o que representa risco de morte para qualquer um que o tenha manipulado, disse à AFP Mardonio Jiménez, diretor de supervisão operacional da Comissão Nacional de Segurança Nuclear e Salvaguardas (CNSNS).

"O que sabemos é que a fonte radioativa foi retirada do recipiente e deixada a entre 500 e 700 metros" do caminhão, explicou Jiménez.

O funcionário não soube dizer se as pessoas que roubaram o caminhão foram as mesmas que abriram o recipiente, mas garantiu que a radiação que receberam é mortal "porque a intensidade da fonte é muito alta".

O material radioativo foi encontrado na localidade de Hueypoxtla, no estado do México, e a zona está isolada para que ninguém se aproxime do local, mas não ocorreu evacuação porque a substância estava em uma zona rural.

O roubo havia sido informado pela CNSNS e envolveu um caminhão Volkswagen Worker branco com grua integrada que transportava equipamento médico em desuso com material radioativo no município de Tepujaco, no estado de Hidalgo.

A CNSNS também tinha indicado que a fonte radioativa estava no interior desse equipamento médico devidamente protegida e não representava risco algum desde que o material não fosse quebrado ou manuseado.

O material estava sendo transferido para Centro de Armazenamento de Dejetos Radioativos, segundo a CNSNS.

Jaime Aguirre Gómez, diretor-geral adjunto de segurança radiológica da CNSNS, disse à AFP que o material radioativo continua 60 gramas do isótopo cobalto 60 com atividade de quase 3.000 Curies, nível que especialistas consultados consideram suficiente para fabricar uma "bomba suja".

O roubo ocorreu em um posto de gasolina em Tepujaco e foi realizado por dois homens armados que renderam o motorista do caminhão, segundo as autoridades do estado de Hidalgo.


"Ao chegar ao posto, dois sujeitos me cercaram, me ameaçaram com armas de fogo, me amarraram e levaram o veículo", disse o motorista, de acordo com a polícia.

A busca pelo caminhão foi realizada em Hidalgo e nos estados próximos de Querétaro, Veracruz, Estado do México, Tlaxcala, Puebla e no Distrito Federal, em operação coordenada entre a Defesa Civil Federal e a Polícia Federal.

A Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) indicou em sua sede em Viena que o carregamento radioativo pode ser extremamente perigoso.

De acordo com a AIEA, o caminhão transportava uma fonte radioativa de cobalto-60 utilizada em radioterapia procedente de um hospital da cidade de Tijuana (noroeste) e se dirigia a um centro de armazenamento de despejos radioativos no centro do país.

"A fonte pode ser extremamente perigosa para uma pessoa, se a proteção for retirada ou danificada", explicou a agência da ONU em um comunicado.

O material não poderia ser utilizado em uma arma convencional, mas, em teoria, poderia ser empregado nas chamadas "bombas sujas", que são artefatos explosivos que propagam material radioativo sobre uma ampla extensão.

Os especialistas alertam há muito tempo para os riscos de armazenar grandes quantidades desse tipo de material em hospitais e outros centros de todo o mundo sem medidas de segurança adequadas.

No ano passado, a AIEA registrou 17 casos de posse ilegal e de tentativa de venda de substâncias nucleares, e 24 casos de roubos ou perdas, o que representa a ponta do iceberg, segundo a agência.

Muitos deles aconteceram em ex-repúblicas soviéticas, como Chechênia, Geórgia ou Moldávia, onde várias pessoas foram detidas em 2011 quando tentavam vender urânio com o qual podiam ser fabricadas armas.

Após a queda da União Soviética, em 1991, e os atentados de 11 de setembro de 2001 nos Estados Unidos, importantes esforços internacionais foram feitos para impedir que material nuclear caia em mãos erradas.

O presidente americano, Barack Obama, presidiu uma cúpula sobre esta questão em 2010, à qual se seguiu outra em Seul no ano passado, e em 2014 está prevista uma terceira em Haia.

Segundo um relatório publicado em julho pela Arms Cntrol Association (Associação de Controle de Armas) e pela Partnership for Global Security (Associação para a Segurança Global), houve progressos na redução desta ameaça, mas ainda é preciso realizar um trabalho significativo.

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