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Massacres e protestos marcam aniversário de revolta síria

Segundo a ONG opositora Comitês de Coordenação Local, grupos de rebeldes descobriram nesta quinta-feira 23 corpos com marcas de tortura perto de uma fazenda em Idlib

Um ano depois do início dos protestos antigovernamentais, as sanções internacionais e os esforços mediadores não alcançaram avanços na Síria (AFP)

Um ano depois do início dos protestos antigovernamentais, as sanções internacionais e os esforços mediadores não alcançaram avanços na Síria (AFP)

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Da Redação

Publicado em 15 de março de 2012 às 18h13.

Cairo - Novos massacres de civis denunciados pela oposição e uma manifestação maciça organizada em Damasco pelo regime em apoio ao presidente Bashar al-Assad marcaram nesta quinta-feira o primeiro aniversário da revolta popular na Síria.

Segundo a ONG opositora Comitês de Coordenação Local, grupos de rebeldes descobriram nesta quinta-feira 23 corpos com marcas de tortura perto de uma fazenda em Idlib, cidade situada na fronteira com a Turquia, cujo controle foi recuperado na quarta-feira pelo Exército sírio após vários dias de ofensiva.

De acordo com o relato, os corpos encontrados tinham as mãos algemadas e os olhos vendados e, segundo um médico que os examinou, foram golpeados antes de ser executados com um disparo na cabeça.

Pelo menos 14 outras pessoas morreram em ataques do regime em Idlib, enquanto outras cinco perderam a vida em Hama, três em Deraa, três em Homs, dois na periferia de Damasco e uma em Aleppo.

O 'número 2' do rebelde Exército Livre Sírio (ELS), Malek Kurdi, explicou à Agência Efe que as tropas de Assad lançaram várias operações de repressão e queimaram corpos em Idlib, cidade submetida a um sangrento assédio que lembra ao sofrido na cidade de Homs semanas atrás.

Os rebeldes do ELS se encontram nos arredores da cidade, e aparentemente se preparam para travar novos combates contra o Exército leal ao regime, que prossegue com os bombardeios em cidades próximas, como Khan Sheikhun.


Kurdi anunciou ainda que o ELS capturou um general do Exército sírio e deu um prazo de 72 horas ao regime para que liberte alguns detidos em Duma, na periferia de Damasco, se quiser evitar a execução do alto oficial.

O militar rebelde advertiu que esta não será a última vez que o ELS pretende capturar membros das Forças Armadas.

Dentro da espiral de violência que atinge o país há meses, os rebeldes atacaram com explosivos uma viatura policial na cidade de Tafes, vizinha a Deraa, e mataram os seis ocupantes do veículo.

Após o ataque, houve enfrentamentos entre os soldados e os rebeldes, ao passo que aumentou o desdobramento policial e militar na região, segundo disse à Agência Efe por telefone o ativista opositor Yazbed Burdan, em Deraa.

'A população tem medo de uma operação do regime contra os civis como vingança por este ataque', acrescentou.

No primeiro aniversário dos protestos, o regime também buscou fazer uma demonstração de força e conseguiu reunir dezenas de milhares de pessoas nas ruas de Damasco para uma mostra de apoio a Assad.

Jovens tocavam eufóricos as buzinas de veículos, gritavam frases de apoio como 'Somos seus homens, Bashar' e levavam bandeiras sírias e imagens do líder.


A televisão oficial síria mostrou imagens de manifestações similares em outras grandes cidades como Latakia e Aleppo, esta última a segunda em importância do país.

No plano exterior, a Anistia Internacional insistiu nesta segunda-feira que o regime sírio é responsável de pôr fim às violações dos direitos humanos e de cessar a violência contra os civis.

O secretário-geral da AI, Salil Shetty, pediu ainda que os responsáveis sírios que forem considerados culpados de crimes de guerra e violações dos direitos humanos sejam detidos e transferidos ao Tribunal Penal Internacional (TPI) pelo Conselho de Segurança da ONU.

Já a subsecretária geral da ONU para Assuntos Humanitários, Valerie Amos, anunciou que as Nações Unidas e a Organização da Conferência Islâmica (OCI) participarão a partir deste fim de semana de uma missão de avaliação humanitária na Síria liderada pelas autoridades de Damasco.

Um ano depois do início dos protestos antigovernamentais, as sanções internacionais e os esforços mediadores não alcançaram avanços na Síria, onde mais de 7,5 mil pessoas morreram, segundo dados da ONU, e dezenas de milhares acabaram refugiadas. 

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