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Massacre na Noruega: suspeito não se declara culpado

Anders Breivik declarou que está disposto a passar o resto de sua vida preso

O autor confesso dos ataques, Anders Behring Breivik (de vermelho) deixa o tribunal de Oslo ao final da audiência desta segunda-feira (Jon-Are Berg-Jacobsen/AFP)

O autor confesso dos ataques, Anders Behring Breivik (de vermelho) deixa o tribunal de Oslo ao final da audiência desta segunda-feira (Jon-Are Berg-Jacobsen/AFP)

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Da Redação

Publicado em 25 de julho de 2011 às 14h36.

Oslo- Anders Behring Breivik, suspeito dos ataques que mataram na sexta-feira 76 pessoas na Noruega, reconheceu nesta segunda os fatos em sua primeira aparição diante do tribunal, e permanecerá ao menos oito semanas em prisão preventiva, embora não tenha se declarado culpado.

A juíza Kim Heger anunciou à imprensa que, ao término das primeiras oito semanas, a prisão preventiva pode ser renovada. O tribunal informou que ele passará quatro semanas em regime de isolamento total.

Durante a audiência, o suspeito, de 32 anos, afirmou desejar com estes ataques defender o seu país e a Europa do Islã e do Marxismo, declarou Heger.

Segundo o promotor, o jovem declarou-se disposto a passar toda a sua vida na prisão.

De acordo com a juíza, Behring Breivik também afirmou que o objetivo dos ataques não era deixar o maior número possível de vítimas.

A polícia revisou nesta segunda-feira o registro dos dois ataques perpetrados na sexta-feira, reduzindo o número de mortes de 93 para 76.

O suspeito, que não recebeu autorização para comparecer à audiência de uniforme, referiu-se à existência de "outras duas células" em sua organização, segundo um escrivão do tribunal, Geir Engebretsen, em uma coletiva de imprensa.

A audiência, que durou cerca de 40 minutos, ocorreu a portas fechadas por desejo da polícia.

"Existem informações concretas que indicam que uma audiência pública, na presença do suspeito, pode provocar uma situação extraordinária e extremamente delicada para a investigação e a segurança", havia explicado anteriormente a juíza Heger para justificar esta decisão.


De acordo com a agência NTB, Anders Behring Breivik chegou ao tribunal por uma porta traseira do edifício e pessoas que localizavam-se perto da entrada atacaram o veículo blindado que o transportava gritando "traidor" e "canalha assassino", de acordo com a imprensa.

Em meio à comoção generalizada, nem o pai do suspeito o poupou e fez fortes declarações sobre a situação de seu filho.

"Acho que o que ele devia ter feito era se matar ao invés de matar tantas pessoas", declarou Jens Breivik ao canal de televisão norueguês TV2, falando em sua residência na localidade francesa de Cournanel.

Milhares de pessoas se reuniram no centro de Oslo para prestar homenagem às vítimas do duplo ataque, segundo um jornalista da AFP no local.

A maioria dos participantes levava rosas, atendendo a uma convocação feita em várias outras cidades do país, segundo imagens da tv norueguesa.

As ruas foram fechadas para esta manifestação batizada de "A marcha das flores".

O massacre provocou uma onda de indignação e solidariedade no mundo.

Todos os países nórdicos fizeram nesta segunda-feira um minuto de silêncio na mesma hora em solidariedade à Noruega.

O presidente do governo espanhol, José Luis Rodríguez Zapatero, disse nesta segunda-feira em Londres que o massacre é "um fato muito grave" que requer "uma resposta europeia compartilhada, em defesa da liberdade e da democracia".

Em uma coletiva de imprensa conjunta após se reunir com o primeiro-ministro britânico David Cameron, Zapatero acrescentou que "é uma das maiores tragédias que vivemos em décadas".


Planejado há tempo, o massacre foi um dos mais sangrentos da história da Noruega.

A polícia informou que o número de mortos no tiroteio contra uma concentração de jovens trabalhistas na ilha de Utoya caiu para 68, contra os 86 divulgados até agora, e os do atentado contra a sede do governo em Oslo subiu para oito, em vez de sete.

Todos os corpos das vítimas foram retirados da ilha, o que permitiu precisar o balanço, explicou um porta-voz.

Pouco antes da matança, Anders Behring Breivik divulgou na internet um manifesto de 1.500 páginas no qual se apresenta como um "cruzado" comprometido na luta contra o Islã e, principalmente, contra o Marxismo.

Em seu manifesto, cheio de referências islamofóbicas e antimarxistas, redigido em inglês e intitulado "A European Declaration of Independence - 2083", explica que decidiu começar a preparar os ataques no outono de 2009, e detalha como seria sua forma de atuar.

Na Noruega, onde a pena máxima é de 21 anos de prisão, algumas vozes pediram o restabelecimento da pena de morte.

Na ilha de Utoya, o suspeito, disfarçado de policial e com duas armas de fogo, entre elas um fuzil automático, disparou por mais de uma hora contra os jovens que participavam de um acampamento de verão da juventude trabalhista.

Os sobreviventes explicaram que Breivik disparou contra jovens que tentavam fugir nadando, matou os feridos e atirou contra as tendas de campanha.

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