Nabil Ayouch, diretor de "Much Loved": diretor aborda o tema da prostituição no Marrocos através da história de várias mulheres (Bertrand Guay/AFP)
Da Redação
Publicado em 25 de maio de 2015 às 23h54.
Rabat - O filme "Much loved", de Nabil Ayouch, apresentado na última edição do Festival de Cannes, será proibido no Marrocos porque representa um "ultraje grave aos valores morais e à mulher marroquina", anunciou o governo do país nesta segunda-feira.
A fita aborda o tema da prostituição no Marrocos através da história de várias mulheres. A difusão de alguns trechos nos últimos dias provocou intensas reações no país, contra seu diretor e a atriz principal, Loubna Abidar.
O governo, liderado por islamitas do partido Justiça e Desenvolvimento, anunciou na noite de segunda-feira que não vai autorizar sua estreia.
"As autoridades marroquinas competentes decidiram não autorizar sua projeção", indicou o Ministério da Comunicação em um comunicado.
Uma equipe do Centro Cinematográfico Marroquino (CCM), instância encarregada de conceder as autorizações de exploração, "viu o filme durante sua projeção durante um festival internacional", em alusão à sua apresentação na Quinzena dos Diretores de Cannes.
"Representa um ultraje grave aos valores morais e à mulher marroquina e uma afronta flagrante à imagem do reino", acrescentou o texto, citado pela agência MAP.
Uma associação marroquina informou nesta segunda-feira que interpôs uma denúncia "contra Nabil Ayouch, Loubna Abidar e todos os que contribuíram para o filme".
"Prejudica diretamente Marrakech (onde a trama se passa, n.d.r) e suas mulheres e, mais amplamente, o Marrocos", disse o presidente da Associação Marroquina de Defesa dos Cidadãos (AMDC), Moustapha Hassnaoui.
Nabil Ayouch, de 46 anos, conhecido, sobretudo, por "Os Cavalos de Deus" (2012), declarou recentemente que "a prostituição está ao nosso redor e, ao invés de nos negarmos a vê-la, devemos tentar entender como mulheres que tiveram uma trajetória difícil chegaram a ela.
Ayouch informou que antes de rodar o filme, reuniu-se com 200 a 300 mulheres jovens que são ou foram prostitutas.