Mario Monti deve divulgar os nomes dos ministros até sexta-feira (Vittorio Zunino Celotto/Getty Images)
Da Redação
Publicado em 14 de novembro de 2011 às 16h00.
Roma - O economista e ex-comissário europeu, Mario Monti, designado para formar o novo governo da Itália após a renúncia de Silvio Berlusconi, começou a preparar nesta segunda-feira a nova lista de ministros, enquanto os mercados respondem com ceticismo a sua nomeação.
A Bolsa de Milão abriu a segunda-feira em alta, num sinal da aprovação da nomeação de Monti, mas durante o dia, fortemente agitada, caiu após a emissão dos títulos da dívida pública para 5 anos e fechou em queda de 1,99%.
Este foi o primeiro leilão do Tesouro italiano após a nomeação de Monti, com arrecadação de 3 bilhões de euros a uma taxa de juros de 6,29%, contra 5,3% da emissão de outubro.
Monti, um renomado economista conhecido por seu rigor, terá que acabar com a fase de instabilidade financeira e aliviar a tensão dos mercados, que na semana passada deixaram a Itália à beira do precipício.
A lista de ministros deve ser divulgada até sexta-feira e deve ser formada principalmente por burocratas. A intenção é obter o apoio do Parlamento para impulsionar as medidas acordadas com a União Europeia (UE) e o Fundo Monetário Internacional (FMI).
O economista tem pela frente uma colossal dívida pública de 1,9 trilhão de euros, além do desafio de relançar uma economia estagnada há uma década.
Pressionado pelos mercados, Monti já começou a se reunir com os principais líderes políticos e sociais do país.
Segundo a imprensa, na lista deverão constar o nome de apenas 12 ministros, entre eles vários acadêmicos desligados do mundo político.
O objetivo é apresentar até sexta-feira sua equipe de governo ao Parlamento, onde será submetida a um voto de confiança, como previsto em uma república parlamentarista.
Em suas primeiras declarações à imprensa após sua nomeação oficial no domingo, Monti reconheceu que a Itália "precisa vencer o desafio" de evitar um resgate.
"A Itália precisa recuperar sua economia e retornar ao caminho do crescimento, levando em conta a igualdade social", afirmou.
Segundo o representante do pequeno Partido Republicano, Monti preparou um "programa importante, que tentará equilibrar entre lágrimas e sangue, os sacrifícios exigidos para que o país cresça e crie postos de trabalho para os jovens", explicou.
O homem encarregado de salvar a Itália se reuniu com a líder da Confederação das Indústrias e deve receber ainda a representante do maior sindicato do país, o CGIL.
O influente jornal Il Corriere della Sera, pediu que Monti adote medidas equilibradas de maneira "que sejam aceitas por todas as parcelas da sociedade e por uma ampla maioria dos setores políticos".
Mesmo sem saber a duração do novo governo, é possível dizer que um novo imposto sobre bens imobiliários e a taxação das grandes fortunas podem ser introduzidas e aprovadas. Estas medidas, que até mesmo a indústria está disposta a aceitar, afetam diretamente Berlusconi, um dos homens mais ricos da Itália.
A reforma do sistema previdenciário e a privatização de serviços públicos como a água, luz e lixo podem acarretar uma onda de protestos.
Até o momento, a Itália é o mais recente país europeu afetado por uma crise política provocada pelo problema da dívida, após a crise na Grécia que resultou na queda do governo na semana passada.
Importantes representantes da troika de credores da Grécia (Comissão Europeia, Banco Central Europeu e FMI) chegaram na sexta-feira a Atenas para auditar as contas do país, submetido ao resgate financeiro.
Os líderes de cada delegação viajaram para Atenas depois do voto de confiança no Parlamento grego em favor do novo governo transitório de coalizão encabeçado por Lucas Papademos, ex-funcionário do Banco Central Europeu.