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Mario Draghi, um banqueiro discreto à frente do BCE

Assim como Jean-Claude Trichet, a quem ele vai substituir, Draghi vai atentar à inflação e é contra qualquer solução para a Grécia que envolva moratória

Mario Draghi, ou "Super Mario", vai deixar o BC italiano para comandar o BCE (Sean Gallup/Getty Images)

Mario Draghi, ou "Super Mario", vai deixar o BC italiano para comandar o BCE (Sean Gallup/Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 24 de junho de 2011 às 17h28.

Milão - O italiano Mario Draghi é um banqueiro discreto, com bom desempenho no cenário internacional e defensor da estabilidade dos preços, como Jean-Claude Trichet, a quem substituirá à frente do Banco Central Europeu (BCE), em meio à crise da dívida.

O até agora governador do Banco da Itália, de 63 anos, sucederá a Trichet no dia 1º de novembro.

Asssim como o francês, Draghi está de olho na estabilidade dos preços, e se opõe a qualquer solução para a Grécia que possa ser considerada moratória.

Draghi deseja também a aplicação de sanções automáticas em caso de excessos no manejo das finanças públicas, num momento em que a Zona do Euro está mergulhada numa crise da dívida que ele próprio considera o "maior desafio desde sua criação".

Educado por jesuítas, o italiano é famoso pela discrição e seriedade, pouco dado à vida social romana, o que não o impede de cultivar uma excelente rede de relações.

Alto funcionário de Estado, economista e banqueiro com competência reconhecida, este "Ciampi Boy" (em referência a Carlo Azeglio Ciampi, influente governador do Banco da Itália e, depois, presidente da República), foi eleito no final de 2005 para restaurar a credibilidade do Banco da Itália, arruinada por Antonio Fazio, envolvido num escândalo bancário.

O "Super Mario", como também é conhecido, deixou o Goldman Sachs americano, onde foi vice-presidente desde 2002, para voltar a Roma, onde sua nomeação foi saudada pelo conjunto da classe política.

Sua determinação contribuiu, segundo os analistas, para a solidez do setor bancário italiano, que esteve à margem dos derivativos podres e evitou o naufrágio durante a crise. Recentemente, soube convencer vários bancos de que se recapitalizassem antes da entrada em vigor das novas normas estabelecidas por Basileia III.


Com a crise, este desportista de perfil aquilino forjou uma estatura internacional como presidente respeitado do Conselho de Estabilidade Financeira (CSF), instituição encarregada pelo G20 de fazer propostas para evitar uma nova crise financeira.

Nascido em Roma, no dia 3 de setembro de 1947, casado e pai de dois filhos, Mario Draghi é diplomado em economia pela Universidade de Roma e possui doutorado do Massachusetts Institute of Technology (MIT).

Professor de economia em diferentes universidades italianas, representou a Itália no Banco Mundial de 1984 a 1990, tornando-se, em 1991, diretor-geral do Tesouro italiano, cargo que ocupou durante dez anos e nove governos tanto de esquerda quanto de direita.

Nesse cargo, supervisionou as grandes privatizações realizadas de 1996 a 2001.

Na Itália, suas análises são muito respeitadas, mas os constantes apelos para evitar uma crise maior na península foram motivo de relações tensas com o ministro da Economia Giulio Tremonti.

O nome de Draghi foi sugerido ano passado pela imprensa como o "técnico" mais provável para assumir o governo, quando Silvio Berlusconi estava na corda bamba por uma crise no seio de sua maioria de centro-direita.

Sua experiência no Goldman Sachs permitiu ser conhecido pelo mundo das finanças anglo-saxãs, onde é estimado.

Mas o que para uns é uma vantagem, porque Draghi demonstra conhecer bem o mercado, para outros pode ser um obstáculo, já que o banco americano, acusado de ter maquiado as contas gregas, é alvo das críticas de Wall Street por excessos.

Para superar o obstáculo a sua nacionalidade, Mario Draghi soube, como bom diplomata, realizar uma campanha de sedução destinada a Berlim, cujo apoio era decisivo para sua eleição, louvando o modelo alemão e multiplicando as declarações sobre o compromisso com a estabilidade dos preços na Zona do Euro.

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