Mundo

Marinha italiana encontra 30 corpos em barco de imigrantes

Marinha italiana conseguiu resgatar 5.000 pessoas durante o fim de semana


	Marinha italiana resgatou 5.000 pessoas durante o fim de semana
 (Alberto Pizzoli/AFP)

Marinha italiana resgatou 5.000 pessoas durante o fim de semana (Alberto Pizzoli/AFP)

DR

Da Redação

Publicado em 30 de junho de 2014 às 15h40.

Roma - Trinta corpos foram encontrados no domingo à noite em um barco lotado de refugiados no canal da Sicília, última tragédia de imigração, ainda que a Marinha tenha conseguido resgatar 5.000 pessoas durante o fim de semana.

Neste contexto, a União Europeia prometeu mais ajuda à Itália para lidar com a questão da imigração.

"No domingo à noite, durante uma operação de socorro e inspeção em uma embarcação, trinta cadáveres foram encontrados", informou nesta segunda-feira em um comunicado a Marinha italiana, confirmando informações da imprensa.

"Uma equipe médica declarou que as causas dessas mortes provavelmente são asfixia e afogamento, e desaconselhou a retirada dos corpos em razão do pouco espaço", acrescenta o comunicado.

Procurada pela AFP, a Marinha em Roma não soube dar outras informações. Ela confirmou a possibilidade de ter entrado água na embarcação, o que explicaria a morte de alguns refugiados por afogamento e a de outros por asfixia por falta de espaço.

A descoberta macabra aconteceu no momento em que militares subiram a bordo de um pesqueiro que transportava 590 refugiados e imigrantes. O objetivo era deixar em terra firme às pessoas mais necessitadas, incluindo duas grávidas.

A embarcação começou a ser rebocada pelo navio "Grecale" da Marinha italiana e deve chegar a Pozzallo, na região de Ragusa (sudeste da Sicília), ainda nesta segunda-feira, enquanto o desembarque dos corpos das vítimas esta previsto para terça-feira de manhã.

"É uma situação de emergência que não podemos enfrentar sozinhos", advertiu Luigi Ammatuna, prefeito de Pozzallo, afirmando que o cemitério local não poderia receber, por falta de espaço adequado, os 30 cadáveres.

"Também é impossível acolher os cerca de 900 imigrantes que estão prestes a desembarcar porque os centros de acolhida de nossa região estão lotados", acrescentou.

"É urgente multiplicar os esforços na luta contra as organizações criminais", assegurou por sua vez a comissária para os Assuntos Europeus, Cecilia Malmstrom, ante o crescente tráfico de imigrantes ilegais e refugiados.

"Vamos desbloquear quatro milhões de euros de ajuda à Itália", prometeu Malmström.

Esta nova tragédia provocou a ira do partido anti-imigração da Liga do Norte, que denunciou "as camisas ensanguentadas" do chefe de governo Matteo Renzi e de seu ministro do Interior Angelino Alfano.

É preciso parar as partidas

"Trinta novos mortos em uma embarcação. Trinta novos mortos para pesar na consciência" daqueles que defende a operação "Mare Nostrum" (nome que os romanos davam ao Mar Mediterrâneo), iniciada pela Itália em 2013 após dois terríveis naufrágios, um na região de Lampedusa e outro perto de Malta, que deixaram quase 400 mortos, escreveu em seu Facebook Matteo Salvini, o chefe da Liga do Norte.

"É preciso parar as partidas, ajudar na casa deles, imediatamente. As camisas de Renzi e Alfano estão ensanguentadas", ressaltou Matteo Salvini.

A Liga do Norte, assim como outros partidos membros da direita italiana, consideram que a operação "Mare Nostrum" encoraja os imigrantes, enquanto o governo de esquerda de Matteo Renzi, apoiado por seu aliado de centro-direita, o NCD do qual Angelino Alfano é líder, assegura que esta operação é indispensável para salvar vidas humanas.

De fato, quase 5.500 refugiados foram salvos apenas neste fim de semana pela Marinha e dois cargueiros particulares.

Desde o início do ano, segundo as autoridades, mais de 65.000 imigrantes e refugiados, incluindo os 5.000 deste fim de semana, fugindo das guerras e da miséria, desembarcaram na Itália.

O recorde de 2011, quando o número de imigrantes atingiu as 63.000 pessoas em razão da Primavera Árabe, já pode ter sido ultrapassado, enquanto que o verão apenas começou e que as boas condições climáticas deve incitar dezenas de milhares de outros refugiados a tentar a travessia.

A Itália obeteve um reforço da Frontex, a agência de monitoramento das fronteiras da Europa, e um apoio adicional para gerenciar o fluxo de imigrantes. Mas o país deseja da União Europeia, e em particular dos países do norte da Europa, uma maior solidariedade na recepção desses imigrantes.

Acompanhe tudo sobre:EuropaImigraçãoItáliaMortesPaíses ricosPiigsUnião Europeia

Mais de Mundo

Votação antecipada para eleições presidenciais nos EUA começa em três estados do país

ONU repreende 'objetos inofensivos' sendo usados como explosivos após ataque no Líbano

EUA diz que guerra entre Israel e Hezbollah ainda pode ser evitada

Kamala Harris diz que tem arma de fogo e que quem invadir sua casa será baleado