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Marine Le Pen ganha espaço no cenário político francês e impulsiona FN

A candidata ficou em terceiro lugar no primeiro turno das eleições na França

A dirigente da extrema-direita, Marine Le Pen (Francois Guillot/AFP)

A dirigente da extrema-direita, Marine Le Pen (Francois Guillot/AFP)

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Da Redação

Publicado em 22 de abril de 2012 às 16h47.

Paris - A dirigente da extrema-direita Marine Le Pen, que ficou em terceiro lugar no primeiro turno das eleições presidenciais francesas, provou nestas eleições que seu nome tem ganhado força no cenário político do país, impulsionando assim a Frente Nacional (FN), que foi herdada de seu pai.

Pouco mais de um ano depois de ter sido eleita presidente do FN, Marine Le Pen obteve entre 17 e 20% dos votos, segundo estimativas dos institutos de sondagem, ficando atrás do socialista François Hollande e do presidente conservador Nicolas Sarkozy, que disputarão o segundo turno.

Com isso, Marine tem ampliar o papel de seu partido no panorama político francês, relegando a um segundo plano a imagem de formação política extremista herdada de seu padre, Jean-Marie Le Pen, várias vezes condenado por suas frases racistas.

Oradora talentosa, Marine Le Pen reitera em seus discursos os temas tradicionais da extrema direita contra a imigração e o islamismo, mas o faz através do apelo ao Estado laico.

"Antes o islã era considerado como uma ameaça para a civilização cristã. Agora ela diz que ele ameaça o Estado laico, a tolerância e o direito das mulheres, o que é mais vantajoso eleitoralmente", diz o sociólogo Sylvan Crépon.

Em uma recente entrevista à televisão israelense, Marine Le Pen afirmou inclusive que o "antissemitismo na Francia" é "muitas vezes consequência do fundamentalismo islâmico" e não das posições do FN.

Da mesma maneira, Marine abandonou o tradicional discurso nacionalista, mas economicamente liberal de seu partido, apresentando-se como defensora dos trabalhadores prejudicados pela globalização, pelo "livre intercâmbio desleal" e pela "ditadura da Europa", defendendo o abandono do euro e o retorno ao franco.


Advogada, mãe de três filhos e duas vezes divorciada, ela se apresenta como uma mulher moderna.

Apesar disso, durante a campanha eleitoral, ela provocou a indignação dos partidos de todas as tendências e das associações feministas ao afirmar que, se vencer, fará com que a assistência social deixa de ser paga as interrupções voluntárias de gravidez no caso de problemas orçamentários, para destinar esses fundos à atenção médica "que não pode ser evitada".

Marine não deixou nunca de pensar na campanha nos últimos meses e chegou inclusive a impor no debate político alguns de seus temas prediletos, em particular a imigração e o islã.

Foi ela quem lançou a polêmica sobre a carne de animais mortos segundo as regras muçulmanas, que provocou a indignação das instâncias representativas dos muçulmanos e dos judeus da França.

Apesar de ela afirmar sua ambição em vencer a presidência, sua meta era igualar ao menos o feito de seu pai, que em 2002 passou para o segundo turno, sendo derrotado por Jacques Chirac. Apesar de não ter passado para o segundo turno, Marine obteve um resultado superior ao de seu pai na época, que conquistou 16,8% dos votos.

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