Mundo

Marine Le Pen avança em corrida presidencial na França

Apesar da líder da extrema-direita ainda aparecer como perdedora no segundo turno, as pesquisas sinalizam uma mudança nesse cenário

Le Pen: apesar das provisões, a candidata tem ganhado força na campanha presidencial (Getty Images)

Le Pen: apesar das provisões, a candidata tem ganhado força na campanha presidencial (Getty Images)

A

AFP

Publicado em 2 de março de 2017 às 12h38.

Última atualização em 2 de março de 2017 às 12h41.

Marine Le Pen lidera desde janeiro as pesquisas para o primeiro turno da eleição presidencial francesa, e, apesar de ser apontada sistematicamente como perdedora no segundo turno, a candidata da extrema direita tem ganhado terreno frente a Emmanuel Macron ou François Fillon.

"O impossível torna-se possível. O vento da história virou, ele vai nos levar ao topo": Marine Le Pen acredita em sua vitória na eleição de abril-maio, como anunciou a seus partidários no comício que lançou sua campanha no início de fevereiro, em Lyon (centro).

No entanto, desde a primavera de 2013, todas as pesquisas, em todas as configurações, apontam Le Pen no segundo turno, preveem sua derrota no final.

Marine Le Pen repetiria, assim, o feito de seu pai Jean-Marie, veterano da extrema-direita francesa queconseguiu qualificar-se em 2002 para o segundo turno da eleição presidencial, onde ele foi, porém, esmagado pelo presidente de direita, Jacques Chirac, eleito para um segundo mandato com mais de 82% dos votos.

E isso, apesar da pressão judiciária que cresce sobre ela: vários de seus parentes foram indiciados pela justiça em casos de financiamento de campanhas eleitorais da Frente Nacional ou empregos fictícios para assistentes no Parlamento Europeu.

Hoje, para enfrentar a presidente da Frente Nacional, creditada com 27% dos votos no primeiro turno, aparecem Emmanuel Macron (25%), centro-esquerda, e François Fillon (20%), direita, como seus mais prováveis adversários.

Fillon, que venceu com facilidade a primária da direita, aparecia no final de novembro com 67% das intenções de voto contra 33% para Le Pen no segundo turno. Mas, em razão do escândalo que tem enfrentado relacionado ao emprego fictício de sua esposa e filhos, o candidato da direita caiu para 55% contra 45% de Marine.

Já frente a Emmanuel Macron, ex-ministro da Economia de François Hollande, a distância em meados de janeiro era de 30 pontos, caindo quase para a metade atualmente (58-60% para Emmanuel Macron contra 40-42% para Marine Le Pen).

Dinâmica eleitoral

Os militantes da Frente Nacional acreditam na vitória de Marine Le Pen em um contexto particularmente favorável, com o voto pelo Brexit em junho e a chegada de Donald Trump à Casa Branca. "Veremos em março", diz um deles.

"Acredito que Le Pen pode ser eleita", advertiu recentemente o ex-primeiro-ministro de direita Jean-Pierre Raffarin.

"Agora podemos dizer que um cenário em que Marine Le Pen vence a eleição presidencial não está totalmente excluído, a dois meses da votação", assegura, por sua vez, Emmanuel Riviere, diretor do instituto Kantar TNS.

"Há, sem dúvida, uma dinâmica da Frente Nacional neste país e isso não data desta eleição. A Frente Nacional venceu as eleições europeias de 2014, o primeiro turno das regionais de dezembro de 2015", lembra Bruno Cautrès, professor do Instituto de Ciências Políticas em Paris, entrevistado na segunda-feira pela rádio RTL.

Além das vitórias recentes, o pesquisador nota que o eleitorado de Marine Le Pen é "sem dúvida o mais cólido atualmente, está nos meios populares, entre os trabalhadores pobres, aqueles que se sentem excluídos".

As eleições regionais de 2015 entreveem, no entanto, uma derrota: apesar dos resultados impressionantes no primeiro turno,Marine Le Pen no norte da França e sua sobrinha Marion Maréchal-Le Pen no sul, foram derrotadas no segundo turno por candidatos da direita, após uma forte mobilização da esquerda.

Para o pesquisador Joël Gombin, especialista na FN, Marine Le Pen não dispõem de apoio suficiente para o segundo turno. "Onde estão as reservas de votos necessários para superar os 25% ou mesmo 30 a 50%?", questionou recentemente no Twitter.

Acompanhe tudo sobre:FrançaEleições

Mais de Mundo

Polônia pede sessão urgente do Conselho de Segurança após violação de espaço aéreo

NASA proíbe chineses com visto dos EUA de trabalhar em programas espaciais

Em meio a derrota política, Milei comemora inflação abaixo do esperado na Argentina em agosto: 1,9%

Exército do Nepal pede a turistas que busquem assistência durante toque de recolher