O anúncio foi feito no mesmo salão na Vila Madalena, zona oeste da capital paulista, em que a ex-senadora fez as principais reuniões durante a campanha (Germano Lüders/EXAME)
Da Redação
Publicado em 7 de julho de 2011 às 17h15.
São Paulo - A ex-senadora e ex-candidata à Presidência Marina Silva oficializou seu pedido de desfiliação do Partido Verde (PV) na tarde desta quinta-feira, em São Paulo. Ao lado de alguns de seus principais aliados, Marina afirmou que lamenta dar a notícia, mas está decidida. "No convite da campanha, dizemos "chegou a hora dos que querem viver em um país melhor". Estamos aqui para reafirmar que essa continua sendo a nossa palavra, vale o que está escrito. Está dada a principal razão pela qual eu e tantos companheiros estamos nos afastando do Partido Verde", disse no início do discurso.”
O anúncio foi feito no mesmo salão na Vila Madalena, zona oeste da capital paulista, em que a ex-senadora fez as principais reuniões durante a campanha, anunciou a neutralidade no segundo turno e fez o pronunciamento quando saiu o resultado do primeiro turno das eleições. Naquele dia 3 de outubro, Marina sorria, comemorando os 20 milhões de votos recebidos nas urnas. O clima era de festa e o local estava enfeitado de bandeiras verdes.
O tom de despedida marcou o evento. No lugar do verde do PV, a cor predominante na decoração era o azul turquesa, presente em faixas penduradas na parede e no teto. No lugar de um púlpito ou uma mesa em um lugar mais alto, Marina, o deputado federal Alfredo Sirkis, o ex-presidente do partido em São Paulo Maurício Brusadin, o empresário Guilherme Leal e o ex-candidato ao Senado Ricardo Young faziam parte de uma grande roda.
O formato, segundo Brusadin, é uma tentativa de antecipar o modo como o "Movimento Verde de Cidadania", nome provisório da entidade civil que os marineiros começam a criar. A reunião serviu para iniciar os debates sobre o novo grupo. "Começamos deixando todos livres para falar, mudando aquela velha estrutura em que uns falam e os outros só escutam", explicou Brusadin. Segundo Alfredo Sirkis, o movimento será oficializado em setembro.
Público - Mais de 200 pessoas acompanharam o fim do casamento de quase dois anos entre Marina e o PV. Na plateia, filiados do partido de diversos estados, integrantes do Movimento Marina Silva, que mobilizou as redes sociais na campanha, políticos e admiradores que a ajudaram a se destacar na corrida presidencial. A audiência foi maior que a esperada pelos organizadores do evento e, por isso, até o chão serviu de assento.
Antes do pronunciamento de Marina, muitos de seus apoiadores fizeram discursos anunciando que a seguirão e exaltando sua figura. “Nosso sonho é grande demais e não pode ser contido por uma instituição que se apequenou”, destacou Guilherme Leal, que foi candidato a vice na chapa de Marina à Presidência. "Ele não cabe uma caixinha, tenha o nome que tiver".
Fernando Gabeira e Alfredo Sirkis, fundadores do PV, foram os únicos que, apesar de apoiar a decisão da ex-senadora, não se desfiliaram ainda. Do Rio de Janeiro, Gabeira falou com a plateia por meio do Skype e apenas disse apoiar o movimento que está sendo criado. “Esse movimento aproxima a sociedade dos grandes temas, responde ao problema de os partidos estarem muito desgastados, mas temos que ter em mente que é necessário atuar nas instituições, os partidos também são importantes”, afirmou.
Sirkis lamentou que o PV não tenha sido capaz de incorporar os 20 milhões de votos recebidos em 2010. “O partido se aprisionou na mesquinharia da defesa de cartório e pequenas coisinhas que são da política brasileira”, criticou. O deputado, no entanto, preferiu não abandonar de vez a legenda. “Estou me licenciando por tempo indeterminado da vida interna partidária, mas preciso preservar o mandato que me foi dado por 73.000 pessoas. Eu até poderia brigar na Justiça para evitar perdê-lo, mas no momento acho melhor não fazer isso”.
Em seu discurso de quase meia hora, Marina Silva negou que tenha planos concretos para se candidatar à Presidência em 2014. "Quando me perguntam se serei candidata, digo que não sei, sendo sincera, verdadeira. Nesse momento, eu também estou pensando qual é a melhor forma de contribuir para a transformação do mundo que queremos. Mas podem ter certeza: quero que esse movimento esteja tão forte que tenha um candidato à altura até lá. E se for outra pessoa, e eu até torço para que seja, terá todo o meu apoio", afirmou. "Olha que eu não sou muito boa de pedir voto para mim, mas sou excelente para pedir voto para os outros".