TOPSHOT - Members of the Yemeni Coast Guard affiliated with the Houthi group patrol the sea as demonstrators march through the Red Sea port city of Hodeida in solidarity with the people of Gaza on January 4, 2024, amid the ongoing battles between Israel and the militant Hamas group in Gaza. (Photo by AFP) (Photo by -/AFP via Getty Images) (Getty Images/Reprodução)
Agência de notícias
Publicado em 5 de janeiro de 2024 às 08h07.
Uma embarcação não tripulada lançada do Iêmen, controlada pelos Houthis, chegou a "algumas milhas" da Marinha dos EUA e de navios comerciais no Mar Vermelho nesta quinta-feira, 4, poucas horas depois de a Casa Branca e uma série de nações parceiras emitirem um aviso final ao grupo de milícias apoiado pelo Irã para cessar os ataques ou enfrentar uma potencial ação militar.
O vice-almirante Brad Cooper, chefe das operações da Marinha dos EUA no Oriente Médio, disse que foi a primeira vez que os Houthis usaram um navio de superfície não tripulado, ou USV, desde que os ataques a navios comerciais no Mar Vermelho começou após a eclosão da guerra entre e o Hamas.
O especialista em mísseis e pesquisador, Fabian Hinz, disse que os USV são uma parte fundamental do arsenal marítimo Houthi e foram usados durante batalhas anteriores contra as forças da coalizão saudita que intervieram na guerra do Iêmen. Eles têm sido regularmente usados como drones suicidas que explodem com o impacto.
Os ataques de rebeldes houthis do Iêmen, apoiados pelo Irã, no Mar Vermelho levaram 181 navios a desviar de rota -- contornando o continente africano -- desde que começaram até a última quarta-feira, 3, segundo a project 44, plataforma de visibilidade para cadeias de suprimentos. Na prática, o número de embarcações que passaram pelo Canal de Suez caiu 59% na semana de 24 a 31 de dezembro na relação com a semana antes dos ataques.
Em relatório, a plataforma diz que as embarcações têm de decidir se desejam prosseguir pelo canal após o aumento do risco, desviar ao redor da África ou ancorar e esperar até que a passagem pelo estreito seja segura. No total, 207 navios foram afetados: 181 desviaram o curso e 26 navios optaram por deriva — isto é, permanecer parados e tentar aguardar o fim do conflito.
"As previsões de ETA (horário estimado de chegada) da project44, baseadas em Inteligência Artificial, identificaram que a maioria dos navios desviados terá um aumento de sete a 20 dias no tempo de trânsito. Alguns dos navios que estão desviando aumentaram suas velocidades para ajudar a mitigar atrasos. Isso se traduz em um uso maior de combustível – logo, os preços do transporte marítimo podem aumentar", avalia a empresa.
Segundo a agência marítima da ONU, dezoito companhias de navegação decidiram modificar a rota de seus navios para evitar o Mar Vermelho.
"Um número significativo de companhias, cerca de 18 companhias de navegação, já decidiram desviar seus navios ao redor da África do Sul para reduzir os ataques a embarcações", afirmou o secretário-geral da Organização Marítima Internacional (OMI), Arsenio Domínguez
A project44 alerta para os riscos na região, como o aumento do tempo de trânsito de mercadorias, possíveis perturbações no abastecimento global de petróleo e problemas de fluxo de estoque de companhias.
Os ataques dos houtis aos navios trazem o risco de gerar uma escalada de conflito militar na região, como reflexo da guerra entre Israel e Hamas. No entanto, as chances disso ocorrer ainda são difíceis de estimar.
A Guerra do Iêmen ocorre desde 2014, e envolve Arábia Saudita e Irã. Os sauditas apoaim o governo do Iêmen, enquanto os iranianos apoiam os rebeldes.
O conflito começou depois que o governo reprimiu com força protestos contra medidas para cortar subsídios aos combustíveis. A situação foi escalando, até que manifestantes invadiram o palácio presidencial e forçaram o presidente Abdrabbuh Hadi a renunciar.
No entanto, Hadi reuniu forças militares e iniciou uma campanha para retomar o poder, com apoio dos sauditas. O confronto deixou mais de 150 mil mortos, segundo a ONU, e gerou uma crise de fome no país.
Durante os anos de conflito, houve ataques pontuais ao território da Arábia Saudita e a navios que passavam pelo mar Vermelho, mas sem maiores consequências. A região tem presença militar forte dos EUA, do Reino Unido e de outros países que possuem negócios na região e que não querem um conflito de grandes proporções ali.