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Maquiagem e depiladores: itens essenciais para as jihadistas

Lista encontrada no quarto de uma das jovens que saiu do Reino Unido para a Síria mostra itens como roupa íntima, um celular, cosméticos e um aparelho depilador

Shamima Begun, Amira Abase e Kadiza Sultana (da esquerda para a direita), que deixaram o Reino Unido para supostamente se juntar ao EI (Metropolitan Police/Handout via Reuters)

Shamima Begun, Amira Abase e Kadiza Sultana (da esquerda para a direita), que deixaram o Reino Unido para supostamente se juntar ao EI (Metropolitan Police/Handout via Reuters)

DR

Da Redação

Publicado em 10 de março de 2015 às 22h11.

São Paulo - Os itens poderiam estar na lista de qualquer adolescente que se prepara para uma viagem de férias ou um acampamento: maquiagem, roupa íntima, botas e um aparelho depilador.

Ao que tudo indica, porém, a relação foi feita pelas três jovens britânicas que, no dia 17 de fevereiro, pegaram um avião em Londres rumo à Turquia para, depois, se juntarem ao Estado Islâmico na Síria. 

Revelada pelo The Guardian, a lista, encontrada por familiares no quarto de uma das jovens, teria sido escrita por duas pessoas em uma página de diário. Nela, constam as iniciais de Amira Abase, 15, Kadiza Sultana, 16, e Shamima Begun, 15, e indica quais itens deveriam ser comprados e para quem.

Além disso, traz informações relacionadas à logística e aos custos para chegarem à Turquia e, depois por terra, à Síria.

O custo total da viagem foi estimado em US$ 3.296 (aproximadamente R$ 10.217,60), incluindo gastos com vistos, hotel, transporte e ainda uma reserva financeira. Esse planejamento indicaria que as jovens foram cuidadosas e certificaram-se de que teriam dinheiro suficiente para a viagem.

Familiares disseram que não tinham ideia de como as jovens conseguiram o valor, mas autoridades britânicas afirmam que a quantia teria sido resultado do roubo de joias das famílias, segundo a CNN.

Recrutamento

Descritas como boas alunas, as jovens não despertaram suspeitas de que estavam se tornando extremistas ou de que viajariam à Síria, segundo depoimentos de familiares. 

Entretanto, dias antes de pegarem o voo, uma delas teria contatado uma mulher que se juntou ao Estado Islâmico e é acusada de recrutar outras pessoas pelas redes sociais.

A "recrutadora" seria Aqsa Mahmood, segundo a CNN, que deixou a Escócia em 2013 rumo à Síria para se casar com um extremista. 

O blog de Aqsa, "O diário de Mujaira", se tornou um dos principais instrumentos da propaganda feminina do EI, com dicas para mulheres que desejam viajar para se casar com jihadistas, como ela fez.

"Aqui não precisamos pagar aluguel. As casas são de graça. Não pagamos a água nem a eletricidade. Além disso, a cada mês recebemos um pacote de comida", escreve a jovem. O grupo terrorista, segundo Aqsa, também oferece emprego, principalmente na área de educação e saúde, para as mulheres que querem trabalhar.

Ela também posta recomendações aos futuros viajantes para, por exemplo, embalarem o essencial, uma vez que podem precisar se deslocar com frequência, além de se manterem discretos.

Respondendo a uma jovem em dúvida sobre a ideia de abandonar seu namorado e viajar para a Síria, a recrutadora tranquiliza: "eu lhe asseguro que um dia alguém vai abraçá-la com tanta força que irá recompor seu coração partido", escreveu no blog.

Especialistas estimam que 3 mil ocidentais, incluindo 550 mulheres, estejam no califado autoproclamado pelo Estado Islâmico, localizado em regiões da Síria e do Iraque.

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