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Manifestantes ucranianos tomam gabinete de Yanukovich

O paradeiro do presidente é desconhecido


	Manifestantes em frente ao prédio da administração presidencial, em Kiev: a residência do presidente fora de Kiev está sendo guardada por milícias de "autodefesa" formadas por manifestantes
 (REUTERS/David Mdzinarishvili)

Manifestantes em frente ao prédio da administração presidencial, em Kiev: a residência do presidente fora de Kiev está sendo guardada por milícias de "autodefesa" formadas por manifestantes (REUTERS/David Mdzinarishvili)

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Da Redação

Publicado em 22 de fevereiro de 2014 às 11h40.

Kiev - Manifestantes tomaram neste sábado o gabinete do presidente ucraniano, Viktor Yanukovich, e o paradeiro do político é desconhecido, em um momento no qual o poder do líder pró-Rússia diminui rapidamente como consequência da violência na capital, Kiev.

No gabinete do presidente, o manifestante Ostap Kryvdyk, que se descrevia como um comandante do protesto, afirmou que alguns membros do grupo entraram nos escritórios, mas não houve saques. "Vamos guardar o edifício até que o próximo presidente venha", afirmou ele à Reuters.

"Yanukovich nunca voltará." A residência do presidente fora de Kiev está sendo guardada por milícias de "autodefesa" formadas por manifestantes. Centenas de pessoas entraram no terreno, mas não no prédio.

Uma fonte de segurança disse que o presidente ainda está na Ucrânia, mas não afirmou se ele se encontra em Kiev. Um aliado afirmou que ele está em uma cidade do leste do país.

Yanukovich, que deixou grande parte da população furiosa ao virar as costas para a União Europeia para estreitar seus laços com a Rússia há três meses, fez grandes concessões em um acordo negociado por diplomatas europeus na sexta-feira, dias após atos de violência que mataram 77 pessoas, com o centro de Kiev parecendo uma zona de guerra.

Mas o acordo, que convocava eleições antecipadas até o fim do ano, não foi o suficiente para apaziguar os manifestantes, que pediam a queda imediata de Yanukovich, após um massacre no qual atiradores de elite disparavam balas do topo dos prédios.


Parlamentares atuaram rapidamente para implementar o acordo, votando para restaurar uma Constituição que diminuísse o poder do presidente e mudando a lei para permitir que sua rival, a líder oposicionista presa Yulia Tymoshenko, fosse libertada. Neste sábado, legisladores aprovaram acelerar sua soltura sem a assinatura do presidente.

O presidente do Parlamento, leal a Yanukovich, renunciou neste sábado, e o Congresso elegeu Oleksander Turchynov, um aliado de Yulia Tymoshenko, como seu substituto.

Neste sábado, os acontecimentos estavam rapidamente moldando o futuro de um país de 46 milhões de pessoas, distanciando a nação de Moscou e a aproximando do Ocidente, embora a Ucrânia esteja perto da bancarrota e precise da Rússia para pagar seus compromissos.

"Hoje ele (Yanukovich) deixou a capital", afirmou o líder da oposição, Vitaly Klitschko, ex-campeão mundial dos pesos-pesados no boxe, durante uma sessão de emergência no Parlamento, que debatia um pedido da oposição para a renúncia do presidente.

"Milhões de ucranianos veem uma única saída: eleições antecipadas para presidente e Congresso", afirmou Klitschko. Depois, ele afirmou pelo Twitter que a eleição deve ocorrer antes de 25 de maio.

Uma importante fonte de segurança disse sobre Yanukovich: "Está tudo bem com ele... Ele está na Ucrânia". Perguntado se o presidente se encontrava em Kiev, a fonte respondeu: "Não posso dizer".

Anna Herman, uma legisladora próxima a Yanukovich, disse à agência de notícias UNIAN que o presidente está na cidade de Kharkiv, no nordeste do país e onde se fala russo.

O Parlamento aprovou na sexta-feira a saída do ministro do Interior, Vitaly Zakharchenko, um partidário de Yanukovich e que foi apontado pela oposição como o culpado pelas mortes.

O ministério pediu aos cidadãos que se unam "na criação de um país europeu verdadeiramente independente, democrático e justo".

As concessões de Yanukovich na sexta-feira acabaram com 48 horas de violência, que tornaram o centro de Kiev um inferno. Sem policiais leais o suficiente para restaurar a ordem, as autoridades colocaram atiradores de elite nos topos dos edifícios, de onde eles dispararam contra manifestantes, mirando na cabeça e no pescoço.

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