Hong Kong: participantes do protesto exigem democracia plena e pedem a renúncia do líder da cidade (Getty Images)
Da Redação
Publicado em 30 de setembro de 2014 às 09h14.
Hong Kong - Dezenas de milhares de manifestantes pró-democracia ampliaram um bloqueio nas ruas de Hong Kong nesta terça-feira, estocando suprimentos e erguendo barricadas antes de uma possível repressão policial para liberar as vias antes do Dia Nacional da China.
A tropa de choque usou spray de pimenta e gás lacrimogêneo contra os manifestantes no fim de semana, mas até a noite de terça-feira os agentes haviam quase completamente se retraído do distrito central de Admiralty, exceto na área onde está a sede do governo.
Na véspera do aniversário da fundação do Partido Comunista da República Popular da China, em 1949, a ser comemorado na quarta-feira, multidões lotaram os distritos centrais desse centro financeiro asiático, perto de onde as festividades do feriado devem acontecer.
Rumores davam conta entre os manifestantes de que a polícia pode estar preparando uma nova investida, já que o governo prometeu prosseguir com as celebrações do Dia Nacional.
“Muitas pessoas poderosas da China continental virão para Hong Kong. O governo de Hong Kong não quer ver isso, então a polícia deve fazer algo”, disse Sui-ying Cheng, de 18 anos, uma caloura da Escola de Educação Profissional e Contínua da Universidade de Hong Kong, sobre o feriado do Dia Nacional. “Não estamos com medo. Vamos ficar aqui hoje à noite. Hoje à noite é o mais importante”, disse ela.
Líderes estudantis deram ao líder de Hong Kong Leung Chun-ying um ultimato para sair e tratar com os manifestantes antes da meia-noite de terça-feira, ameaçando uma escalada das ações nos próximos dias para ocupar mais instalações do governo, prédios e vias públicas caso ele não faça isso.
Os manifestantes, a maioria estudantes, exigem total democracia e pediram que Leung deixe seu cargo após o governo chinês, um mês atrás, ter dito que teria direito de vetar candidatos que desejassem concorrer para a liderança de Hong Kong em 2017.
Embora Leung tenha dito que os protestos, considerados ilegais, não fariam Pequim voltar atrás, ele também disse que a polícia de Hong Kong seria capaz de manter a segurança sem a ajuda de tropas do Exército da Liberação Popular (ELP) da China continental.
“Quando um problema se apresenta em Hong Kong, nossa polícia deve ser capaz de resolvê-lo. Não precisamos pedir o ELP”, disse Leung a repórteres em uma coletiva nesta terça-feira.
Os manifestantes devem ampliar a escala dos protestos na quarta-feira para coincidir com as celebrações do feriado.
“Eu não sei o que a polícia ou o governo vão fazer comigo, mas eu tenho 100 por cento de certeza que eu estarei lá (à noite), disse Ken To, um gerente de restaurante de 35 anos, falando no distrito residencial de Mong Kok. “Nós (cidadãos de Hong Kong) não queremos apenas dinheiro. Queremos nossos filhos, nosso futuro, nossa educação”, disse ele.
A China governa Hong Kong sob a fórmula “um país, dois sistemas”, que garante à ex-colônia britânica um grau de autonomia e liberdades que não são desfrutadas na China continental, tendo estabelecido o sufrágio universal como uma meta eventual.
Atualizado às 09h14