Mundo

Manifestantes decididos a vencer queda de braço com Pequim

Manifestantes prometem ocupar o centro da cidade até que as autoridades de Pequim concedam reformas políticas prometidas

Manifestantes pró-democracia nas ruas de Hong Kong (Philippe Lopez/AFP)

Manifestantes pró-democracia nas ruas de Hong Kong (Philippe Lopez/AFP)

DR

Da Redação

Publicado em 30 de setembro de 2014 às 16h20.

Hong Kong - O chefe do Governo de Hong Kong, que recebeu apoio de Pequim, exigiu nesta terça-feira o fim imediato das manifestações, mas os militantes pró-democracia prosseguiam com a mobilização às vésperas do feriado nacional da China.

Os manifestantes prometem ocupar o centro da cidade até que as autoridades de Pequim concedam as reformas políticas prometidas após a devolução à China da ex-colônia britânica em 1997.

Depois de ocupar pelo segundo dia consecutivo vários bairros de Hong Kong - que tem uma ampla autonomia, mas com a política decidida em sua essência por Pequim -, os manifestantes retornaram para suas casas para descansar, fazer uma refeição e tomar banho.

Durante a tarde, eles retornaram aos bairros Central e Admiralty, o pulmão financeiro da cidade, perto da sede do governo local.

Ao mesmo tempo, o país se prepara para dois dias de festa nacional, que comemora a vitória dos comunistas sobre os nacionalistas e a proclamação da República Popular da China em 1949.

O chefe do Executivo de Hong Kong, Leung Chun-ying, pediu nesta terça-feira ao Occupy Central, principal organização pró-democracia, o fim "imediato" das manifestações para que a cidade retorne ao funcionamento normal.

"Os fundadores do Occupy Central disseram, várias vezes, que se o movimento saísse do controle eles apelariam por seu fim. Peço hoje que respeitem seu compromisso e suspendam imediatamente sua campanha", declarou Leung Chun-ying, que falou pela primeira vez desde os incidentes de domingo.

O confronto entre manifestantes e as forças de segurança no domingo à noite levou a polícia a usar gás lacrimogêneo e spray de pimenta. As cenas, raras em Hong Kong, chocaram parte da população e alimentaram os boatos de intervenção do Exército chino, desmentidos pelo governo local.

A China transmitiu nesta terça-feira o apoio total ao governo de Hong Kong ante as manifestações.

"Apoiamos completamento o governo da região autônoma especial de Hong Kong para tratar este problema", declarou a porta-voz do ministério das Relações Exteriores da China, Hua Chunying.

"Somos contrários a todas as ações ilegais em Hong Kong", afirmou.

Renúncia

O movimento Occupy Central rejeitou os pedidos do líder do governo local.

"Se Leung Chun-ying anunciar sua renúncia, esta ocupação terminará, ao menos provisoriamente", declarou o cofundador do movimento Chan Kin-man.

O governo britânico anunciou que convocará o embaixador da China para pedir explicações pela situação em Hong Kong.

Horas antes, o primeiro-ministro britânico, David Cameron, afirmou estar profundamente preocupado com os protestos em Hong Kong e recordou que a China se comprometeu a preservar a democracia na ex-colônia britânica.

O Reino Unido devolveu Hong Kong em 1997, sob um acordo que criou o princípio "um país, dois sistemas", que faria com que a China, um regime comunista, preservasse o sistema capitalista e o modo de vida da ex-colônia até, pelo menos, 2047.

"Quando alcançamos um acordo com a China, existiam detalhes no acordo sobre a importância de dar à população de Hong Kong um futuro democrático sob o amparo dos dois sistemas".

"Assim, efetivamente, estou profundamente preocupado com o que está acontecendo e espero que seja resolvido", disse.

A ONU, por sua vez, pediu às autoridades chinesas e os manifestantes em Hong Kong que resolvam pacificamente suas diferenças.

"O secretário-geral Ban Ki-moon entende que este é um assunto interno (da China), mas pede a todas as partes que resolvam as divergências de forma pacífica e que salvaguarde os princípios democráticos", afirmou seu porta-voz.

Os estudantes de Hong Kong lideram a campanha de desobediência civil, idealizada para denunciar o que muitos cidadãos do território consideram um controle crescente dos assuntos locais por Pequim.

Os manifestantes exigem em particular um sufrágio universal sem condições e não aceitam a manutenção, até 2017, do controle de Pequim sobre os candidatos para comandar o governo local.

Acompanhe tudo sobre:ÁsiaChinaHong KongMetrópoles globaisProtestosProtestos no mundo

Mais de Mundo

Israel deixa 19 mortos em novo bombardeio no centro de Beirute

Chefe da Otan se reuniu com Donald Trump nos EUA

Eleições no Uruguai: 5 curiosidades sobre o país que vai às urnas no domingo

Quais países têm salário mínimo? Veja quanto cada país paga