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Manifestantes de Hong Kong têm um novo alvo: o filme “Mulan”

O boicote ao filme "Mulan" está entre os assuntos mais comentados do Twitter e surgiu após declarações da atriz protagonista sobre protestos em Hong Kong

Atriz que interpreta a personagem Mulan, no filme da Disney (Facebook/Divulgação)

Atriz que interpreta a personagem Mulan, no filme da Disney (Facebook/Divulgação)

Gabriela Ruic

Gabriela Ruic

Publicado em 16 de agosto de 2019 às 10h40.

Última atualização em 19 de agosto de 2019 às 16h06.

São Paulo – Os protestos pró-democracia em Hong Kong, que acontecem há cerca de dois meses e frequentemente se tornam violentos em razão dos confrontos com a polícia local, tem agora um novo alvo: a nova edição do filme “Mulan”, da Disney. A cidade está vivendo sua maior crise política desde a sua devolução à China pelo Reino Unido, em 1997.

A polêmica envolvendo o clássico "Mulan", que ganhará uma versão com personagens reais em 2020, começou na última quinta-feira, 15 de agosto, quando Liu Yifei, atriz que irá interpretar o papel da heroína Mulan, se manifestou sobre os protestos na cidade. Nascida na China, mas residente dos Estados Unidos, ela publicou uma mensagem de apoio à polícia de Hong Kong, gerando uma campanha de boicote ao filme.

“Eu apoio a polícia de Hong Kong. Vocês podem me atacar agora. Que vergonha para Hong Kong”, escreveu ela numa rede social chinesa. A atriz prontamente recebeu mensagens de apoio de muitos chineses usuários da plataforma, mas também muitas críticas. Agora, uma campanha de boicote ao filme ganha força no Twitter e está entre os assuntos mais comentados do dia.

“Liu é naturalizada americana. Deve ser ótimo. Enquanto isso, ela enfurece as pessoas que estão lutando pela democracia”, debochou um usuário. Outro, em tom de apoio às declarações da atriz, pediu que as pessoas “acreditem no governo, acreditem na China, acreditem no país”.

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Protestos em Hong Kong

Os protestos de Hong Kong começaram há cerca de dois meses em razão de uma lei de extradição que poderia enviar criminosos para julgamento na China. As demandas dos manifestantes, no entanto, se ampliaram, tornando-se críticas ao governo chinês e sua autoridade em Hong Kong, bem como contra o governo local, escolhido por Pequim.

A tensão na cidade não deve terminar em breve, avaliam analistas, e cresce a expectativa de que o governo chinês possa enviar tropas para tentar conter as paralisações. Tal possibilidade fez gerar o temor de que um novo episódio como o massacre na Praça da Paz, em 1989, quando centenas de pessoas morreram em confrontos com soldados, se repita.

Os protestos revelaram mais do que uma insatisfação da população de Hong Kong com o governo da China, mas uma crise de identidade. Pesquisas recentes, conduzidas pela Universidade de Hong Kong, revelaram que 71% dos cidadãos de Hong Kong não se identificam como chineses e 53% enxergam como negativas as políticas do governo central na cidade.

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