Manifestantes pró-Palestina participam de protesto em Milwaukee durante abertura da convenção republicana ( Jim Vondruska/Getty Images)
Agência de notícias
Publicado em 15 de julho de 2024 às 17h04.
Do outro lado do rio Milwaukee, mas a menos de 1 km da arena central da Convenção Nacional Republicana que homologará a candidatura de Donald Trump à Casa Branca, no centro da maior cidade do Wisconsin, cerca de mil manifestantes iniciaram uma marcha de protesto nesta segunda-feira.
"Fora Trump racista", "Palestina livre" e "A eleição não terminou" foram alguns dos slogans repetidos por militantes de uma coalizão de dezenas de grupos de esquerda, mobilizados em torno de causas diversas, incluindo os direitos dos palestinos, o apoio à Ucrânia e os direitos da comunidade LGBTQIAP+, além do medo geral sobre o futuro do país em um segundo governo Trump.
— Condenamos a violência, mas a tentativa de assassinato não mudou quem Donald Trump é e os riscos à democracia que ele representa. Estou atravessando o país, batendo de porta em porta, repetindo a mesma mensagem: devemos obrigatoriamente ser contra a violência, e não só mas também a política, e votar em Joe Biden. A eleição só termina no dia 5/11. Chega de atitude derrotista e faça algo sem se envergonhar de denunciar o homem que segue o mesmo populista de direita perigoso [após o atentado]— disse Nadine Seilor, 59, que vive no estado de Maryland, na Costa Leste.
Os amigos Patrick Spellacy, 76, Steve May, 76, e Danny Moriarty, 77 vieram, respectivamente, do Arizona, Massachusetts e Minnesota, para protestar com narizes de palhaço.
— Viemos nos juntar ao palhaço que será ungido na Convenção. Ele não pode voltar à Casa Branca. E pessoas mais velhas, como nós, precisam se unir e arregaçar as mangas. Não podemos simplesmente ficar em casa e não fazer nada. Não sei se conseguiremos mudar um único voto aqui em Milwaukee, mas talvez chamaremos a atenção de algum eleitor independente que está pensando em não ir às urnas a reconsiderar. E impedir o pior — disse Moriarty.
Planejado há meses, o protesto ocorre no momento em que milhares de delegados da convenção, jornalistas, autoridades republicanas e apoiadores chegavam a Milwaukee para o evento de quatro dias, que se desenrola a poucas quadras do Red Arrow Park, onde os manifestantes se reuniram. Muitos policiais, inclusive montados em bicicletas, estavam posicionados dentro ou perto do parque.
O atentado contra Trump, que aconteceu durante um comício na Pensilvânia, no sábado, também não impediu que a convenção mantivesse o seu planejamento — segundo líderes do Partido Republicano, Trump aceitará indicação pessoalmente na quinta-feira. Funcionários do Serviço Secreto expressaram confiança em seu plano de segurança, que eles disseram ter "reforçado" após o tiroteio.
— Não tivemos problemas de segurança em nenhum dos nossos protestos ou eventos e esperamos ansiosamente por nossa marcha para toda a família — disse Omar Flores, copresidente da Coalizão para Marchar na Convenção Nacional Republicana, no domingo em Milwaukee.
No domingo, as autoridades do Serviço Secreto em Milwaukee sinalizaram que não mudariam seu esquema de segurança em resposta ao atentado na Pensilvânia. Mas na manhã desta segunda-feira, a diretora do Serviço Secreto, Kimberly Cheatle, disse em um comunicado que os planos de segurança da convenção haviam sido "revisados e reforçados após o ataque de sábado".
"À medida que as convenções avançam, e de acordo com a orientação do presidente, o Serviço Secreto adaptará continuamente nossas operações conforme necessário para garantir o mais alto nível de segurança para os participantes da convenção, voluntários e a cidade de Milwaukee", disse Cheatle, sem especificar o que havia mudado no esquema de segurança.
Os organizadores do protesto planejam realizar um comício e uma passeata no centro da cidade nesta segunda-feira, no momento em que os delegados chegariam para algumas das primeiras reuniões da convenção. Mas ainda não se sabe o quão perto do evento eles terão permissão para marchar, uma disputa que tem fervilhado entre os organizadores e os líderes da cidade há semanas.
Segundo Flores, seu grupo pretende chegar "à vista e ao som" do Fiserv Forum, o principal salão da convenção. Alguns dos ativistas que organizaram os protestos em Milwaukee também afirmaram que planejam protestar no próximo mês do lado de fora da Convenção Nacional Democrata em Chicago.
Sasha Dean, 19 anos, que fez uma viagem de oito horas de ônibus de Minneapolis para participar do protesto em Milwaukee, disse que estava especialmente preocupado com o que uma possível vitória de Trump poderia significar para a Ucrânia. Embora se opusesse firmemente à agenda de Trump, Dean condenou a tentativa de assassinato contra o ex-presidente.
— Acho que a violência política nunca é a resposta e é profundamente vergonhosa — comentou. — Isso não muda nada para mim politicamente. Ainda me oponho a Trump pelos mesmos motivos. Mas nunca é defensável usar a violência para atingir um objetivo político.
Os organizadores do protesto têm enfatizado que seus planos não foram alterados após o ataque de sábado. Hatem Abudayyeh, presidente nacional da Rede da Comunidade Palestina dos EUA, parte da coalizão que planeja protestar em Milwaukee, disse no domingo que "estamos indo a todo vapor".
— Independentemente de qualquer aumento de tensão, ainda estamos pedindo à polícia local e federal que faça seu trabalho, que é não infringir nossos direitos de protesto — declarou Abudayyeh.
As autoridades policiais disseram estar preparadas para os manifestantes. Jeffrey Norman, chefe do Departamento de Polícia de Milwaukee, afirmou que queria garantir aos residentes locais e aos participantes da convenção que os planos de segurança manteriam as pessoas seguras.
— Temos tudo sob controle — concluiu.