Protesto: essa não é a primeira vez que o movimento Femen interrompe um discurso da líder ultradireitista (Reuters)
EFE
Publicado em 23 de fevereiro de 2017 às 16h31.
Paris - Uma militante do movimento feminista Femen, com os seios à mostra, interrompeu nesta quinta-feira um comício da líder ultradireitista francesa Marine le Pen antes de ser duramente rendida pelos seguranças do partido Frente Nacional (FN).
"Marine feminista fictícia", gritou a militante em uma luxuosa sala da capital francesa onde Le Pen falava perante a imprensa e uma representação diplomática de 50 países suas propostas em política internacional caso chegue à presidência da França.
A jovem, que tinha esse mesmo slogan pintado no corpo nu, foi rapidamente rendida pelos guarda-costas, que a levaram para uma sala ao lado, mas ainda era possível escutar seus gritos.
Vários jornalistas tentaram acompanhar a jovem, mas os serviços de segurança do partido impediram a passagem e obrigaram a imprensa a voltar à sala da conferência.
Segundo o FN, a manifestante foi trancada em uma sala até que chegassem as forças da ordem.
Essa não é a primeira vez que o movimento Femen interrompe um discurso da líder ultradireitista, favorita para ganhar o primeiro turno das eleições presidenciais francesas, que será realizado no dia 23 de abril.
O coletivo denuncia a impostura das propostas de Le Pen para as mulheres e suas posições "fictícias" a favor do feminismo, como ter se recusado a colocar um véu islâmico há poucos dias durante a visita a uma mesquita no Líbano.
Além disso, com o uso da palavra "fictícia", o grupo lembra que a líder da extrema direita francesa é alvo de uma investigação por empregos fictícios de seus assistentes parlamentares na Eurocâmara, pela qual seu chefe de gabinete foi acusado ontem.
Le Pen apresentou as grandes linhas de seu programa em matéria de política externa, que passam por defender a independência da França, se aproximar da Rússia e do novo governo dos Estados Unidos e reformar profundamente a construção europeia.
A líder ultradireitista criticou a atual política externa da França e acusou o governo de ter entregue aos rebeldes sírios armas que podem ter chegado aos terroristas do Estado Islâmico.
"Quantos atentados na França poderiam ter sido evitados se fossem mantidas as relações com os serviços secretos sírios?", questionou Le Pen.
Além disso, se comprometeu a "acabar com os tratados europeus atuais", que segundo Le Pen só beneficiam a Alemanha, e trabalhar "com o resto das nações livres" para "construir uma Europa nova".