Pessoas seguram neon em que se lê "Parem com o Pegida" durante ato em Duesseldorf, Alemanha (Federico Gambarini/AFP)
Da Redação
Publicado em 12 de janeiro de 2015 às 20h43.
Berlim - Ao menos 100 mil pessoas protestaram nesta segunda-feira, em diversas cidades da Alemanha, contra o movimento antimuçulmano Pegida, que por sua parte reuniu 25 mil em seu feudo de Dresden, no leste do país, informou a agência de notícias DPA.
Poucos dias após os atentados jihadistas em Paris, as manifestações contra a intolerância reuniram 30 mil em Leipzig (leste), 20 mil em Munique (sul), 17 mil em Hanover (norte) e 4 mil em Berlim, entre outras cidades.
A chefe do governo alemão, Angela Merkel, anunciou sua participação nos protestos por uma "Alemanha aberta e tolerante".
Mais cedo, Merkel reforçou que o "Islã pertence à Alemanha" e anunciou que se uniria, na terça-feira, a uma marcha organizada pela comunidade muçulmana, em Berlim, contra o extremismo, da qual vão participar vários ministros de seu gabinete.
A manifestação contra a "islamização" da Alemanha em Dresden reuniu um recorde de 25 mil pessoas, muitos carregando cartazes sobre os atentados em Paris com dizeres como "Não podem matar nossa liberdade" ou "Liberdade de pensamento contra terror salafista".
Uma contramanifestação em Dresden a favor da tolerância reuniu cerca de 8.700 pessoas.
A Pediga convocou o protesto em Dresden para homenagear as "vítimas do terrorismo de Paris" e pediu que seus simpatizantes que utilizem uma braçadeira negra.
Sem demonstrar receio, os simpatizantes do Pegida acenaram a bandeira da Alemanha e exibiram cartazes com a inscrição "combatam a islamização, detenham a enxurrada de estrangeiros já" e "Chega de multiculturalismo. Minha terra natal vai continuar sendo a Alemanha".
Depois dos atentados praticados por extremistas islâmicos em Paris, semana passada, os manifestantes fizeram um minuto de silêncio e muitos usavam braçadeiras negras em sinal de luto.
Alguns levavam bandeiras francesas e cartazes, com dizeres como "Eles não podem matar nossa liberdade" e "Je suis Charlie" (Eu sou Charlie), prestando solidariedade aos mortos no ataque ao jornal satírico Charlie Hebdo.
Estes ataques terroristas "podem acontecer em qualquer lugar", disse a manifestante Juta Starke, de 70 anos, acrescentando que ela imediatamente pensou, ao saber dos ataques, que se tratava do Islã. "Esta é a ideologia política do Islã", afirmou.
Lideranças políticas exortaram o Pegida a cancelar a mais recente passeata, afirmando que o grupo não tinha o direito de incentivar o ódio contra os muçulmanos em nome da solidariedade pelas vítimas do terror.
Desde outubro passado, o grupo Pegida protesta toda segunda-feira contra o Islã e os pedidos de asilo de cidadãos islâmicos na Alemanha.