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Manifestação contra reformas em Paris deixa feridos

Centenas de manifestantes encapuzados e policiais entraram em confronto pouco depois do início desta manifestação


	Protestos: centenas de manifestantes encapuzados e policiais entraram em confronto pouco depois do início desta manifestação
 (Philippe Wojazer / Reuters)

Protestos: centenas de manifestantes encapuzados e policiais entraram em confronto pouco depois do início desta manifestação (Philippe Wojazer / Reuters)

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Da Redação

Publicado em 14 de junho de 2016 às 15h27.

Quase 30 pessoas ficaram feridas nesta terça-feira em uma grande manifestação em Paris contra a reforma trabalhista impulsionada pelo governo francês, que já se encontra sob pressão com o atentado extremista cometido na véspera em plena Eurocopa.

Centenas de manifestantes encapuzados e policiais entraram em confronto pouco depois do início desta manifestação, a nona organizada pelos sindicatos desde março.

Os confrontos deixaram 26 feridos, seis manifestantes e 20 policiais, segundo as autoridades.

Os manifestantes atiraram pedras, queimaram lixeiras e depredaram lojas enquanto a polícia recorreu a jatos d'água, constataram jornalistas da AFP.

Desde 9 de março houve centenas de feridos em conflitos nas manifestações. As autoridades proibiram cerca de 130 pessoas detidas em protestos anteriores de se manifestar. Hoje, mais 16 pessoas foram detidas.

Sindicatos, liderados pela Confederação Geral do Trabalho (CGT), esperam mobilizar dezenas de milhares de pessoas para reafirmar sua oposição à reforma do Executivo, algo inédito contra um governo socialista desde 1981, na presidência de François Mitterrand.

Segundo a CGT, uma das três centrais que convocaram os protestos, foram mobilizadas cerca de 1,3 milhão de pessoas em toda a França.

O objetivo dos sindicatos é superar o número de manifestantes de 31 de março, que somou 390.000 pessoas em 250 cidades, segundo as autoridades (1,2 milhão, de acordo com os organizadores).

"Participei de todas as manifestações desde março, porque quero viver com dignidade e não só sobreviver. Quero a retirada pura e simples [da reforma]. Isso acabará quando houver a retirada", garante Aurélien Boukelmoune, um técnico do setor de energia de 26 anos.

CGT aceita se reunir com ministra

Cerca de 50 cidades francesas também registraram protestos e incidentes. Vários manifestantes bloquearam parcialmente a circulação em Brest (oeste) e no porto de Marselha (sul).

Segundo a CGT, também há várias usinas nucleares e linhas de alta tensão cortadas na região de Paris, afetadas pela greve.

Em Paris, a Torre Eiffel foi fechada nesta terça-feira por uma greve de funcionários, e, após duas semanas de protestos, 7,3% dos funcionários ferroviários (cerca de um terço dos maquinistas) fazem greve.

Há mais greves e manifestações previstas para os dias 23 e 28 de junho.

O dia de protesto, o primeiro concentrado em Paris, coincide com o exame da reforma trabalhista no Senado, que tem maioria conservadora e poderá acrescentar novas medidas liberais à reforma.

O governo socialista, que até o momento se nega a retirar seu texto, considerado muito liberal por seus detratores, decidiu em março excluir algumas das medidas mais polêmicas com a esperança de obter o apoio dos sindicatos reformistas, como o CFDT.

A reforma, a última do mandato de cinco anos de François Hollande antes das presidenciais de 2017, tem, segundo o governo, o objetivo de dar flexibilidade às empresas contra o desemprego, que se mantém perto dos 10%. Seus críticos, contudo, acreditam que a nova lei aumentará a precarização dos assalariados.

O líder da CGT, Philippe Martinez, que até agora havia se negado a negociar com o governo, aceitou nas últimas horas uma entrevista com a ministra do Trabalho, Myriam El Khomri.

Nas últimas três semanas os opositores à reforma bloquearam portos, refinarias e depósitos de combustível, obrigando o governo a recorrer a suas reservas estratégicas de petróleo.

Os protestos também têm prejudicado a imagem da França no exterior e em particular o sector de turismo, já bastante afetado pelos atentados de 2015.

Paralelamente, a ameaça extremista voltou a ficar patente com o assassinato na segunda-feira de um policial e de sua companheira por um homem que havia jurado lealdade ao grupo Estado Islâmico (EI).

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