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Mais uma vez com Sarney, PMDB deve estender domínio

Partido se prepara para reeleger José Sarney e manter comando do Senado - rotina que se repete desde o fim da ditadura militar

O atual presidente do Senado, José Sarney, deve ser reeleito para o quarto mandato (José Cruz/AGÊNCIA BRASIL)

O atual presidente do Senado, José Sarney, deve ser reeleito para o quarto mandato (José Cruz/AGÊNCIA BRASIL)

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Da Redação

Publicado em 4 de agosto de 2011 às 17h07.

Brasília - Se a disputa pela presidência da Câmara dos Deputados está pegando fogo, com direito a um candidato da situação inesperado - o petista Marco Maia (PT-RS) - , não deverá haver nenhuma surpresa na definição do comando do Senado para o biênio 2011-2012.

No próximo dia 1º de fevereiro, quando os 81 senadores estiverem reunidos para eleger o presidente da Casa, o vencedor da votação secreta deverá ser o senador José Sarney (PMDB-AP). Às vésperas de completar 81 anos, o atual presidente deve ser reeleito para o quarto mandato graças a um padrão estabelecido no fim da ditadura militar. Nos últimos 25 anos, o PMDB só perdeu a presidência do Senado durante um biênio (1997/1999), para o pefelista baiano Antonio Carlos Magalhães.

Nem a renovação de 45% do Senado Federal pelas urnas vai mudar esse quadro. O PMDB continua dono da maior bancada, com 19 senadores, o que lhe garante o direito de indicar o presidente. E dentro dessa bancada, pelo menos 12 parlamentares apoiam a recondução de Sarney, que continuará a exercer influência, assim como Renan Calheiros (PMDB-AL) e Romero Jucá (PMDB-RR), as outras duas lideranças fortes do partido na Casa.

Para o senador Valdir Raupp (PMDB-RO), vice-presidente do PMDB, o longo predomínio de um mesmo grupo dentro do partido é natural, e reflete a vontade do eleitor."O grupo do Sarney no PMDB gira em torno de 12, 13 senadores eleitos pelo povo”, afirma. “Os outros partidos também concordam com isso."

Cacique de si mesmo - Na avaliação do cientista político Octaciano Nogueira, da Universidade de Brasília (UnB), a falta de ideologia política do PMDB garantiu seu crescimento ao longo dos anos - e deu-lhe, consequentemente, musculatura política. Para Nogueira, o fato de o PMDB alinhar-se a governos de diferentes colorações partidárias o torna aberto a qualquer tipo de político, inclusive (ou sobretudo) os que fazem alianças por conveniência.

“Ele aceita todo mundo, não pune ninguém. É o único partido que tem em seu estatuto, de maneira indireta, uma ‘cláusula de infidelidade partidária’, pois permite que o indivíduo saia para outro partido sem perder seu mandato”, diz. “Não tem disciplina. Cada um é dono do seu nariz, é cacique de si mesmo. Assim, atrai muita gente que prefere fazer carreira política sem se definir”.

Escândalos - No longo período de domínio do Senado, o PMDB deixou uma marca indelével de corrupção. Recentemente, Renan Calheiros, Jader Barbalho e José Sarney se viram em apuros em meio a graves acusações. O primeiro acabou deixando o principal posto da casa. O segundo renunciou também ao mandato para fugir da cassação.

Sarney, envolvido no escândalo dos atos secretos, só foi poupado por uma articulação que partiu do Palácio do Planalto. Em lugar de criar um novo polo de influência no Senado, o governo Lula preferiu usar o status quo a seu favor: não por acaso, Romero Jucá é líder do governo na casa. E, embora o PT tenha aumentado o tamanho da bancada, o eixo de poder não vai se deslocar na próxima legislatura.

Oposição - Apesar de ter a maior bancada, o PMDB do Senado também precisará lidar com as próprias idiossincrasias. O partido - como sempre - terá dissidentes. Luis Henrique da Silveira (PMDB-SC), eleito para a próxima legislatura, faz oposição ao governo de Dilma Rousseff. Pedro Simon (PMDB-RS) é outro que não pode ser computado como governista. O mesmo vale para Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE). Ambos têm mandato até 2015.

A oposição propriamente dita começa a legislatura numericamente enfraquecida. Após a derrota nas eleições de 2010, DEM e PSDB terão dificuldades em demonstrar força. Com 20 cadeiras, dependerão de outras legendas para formalizar, por exemplo, um pedido de criação de Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI).

Mas, para o senador Alvaro Dias (PSDB-PR), essa redução numérica pode ser um elemento unificador. "O que importa é verificar quem vai atuar como oposição, quem chega com essa disposição de ser oposição e até que ponto os integrantes de partidos oposicionistas, que são minoritários no Congresso, terão energia suficiente para esse confronto", analisa.

Os partidos oposicionistas também estão à procura de um líder. Tasso Jereissati (PSDB-CE), Heráclito Fortes (DEM-PI) e Marco Maciel (DEM-PE) deixaram o Congresso. Aécio Neves (PSDB-MG) é candidato natural a comandante da tropa de oposição.

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