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Mais fracos morriam durante fome na Coreia do Norte

Fome nos anos 90 desencadeou luta por sobrevivência na qual morreram os mais fracos, dizem desertores norte-coreanos

Ji Seong-Ho, desertor norte-coreano: "as pessoas não são tratadas com dignidade na Coreia do Norte", disse (Jung Yeon-Je/AFP)

Ji Seong-Ho, desertor norte-coreano: "as pessoas não são tratadas com dignidade na Coreia do Norte", disse (Jung Yeon-Je/AFP)

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Da Redação

Publicado em 22 de agosto de 2013 às 11h55.

Seul - A fome de meados dos anos 90 na Coreia do Norte desencadeou uma luta pela sobrevivência na qual morreram os mais fracos: deficientes, idosos e crianças, contaram nesta quinta-feira à ONU desertores norte-coreanos.

A Coreia do Norte é um dos países mais isolados do mundo e um dos últimos regimes comunistas do planeta.

"As pessoas não são tratadas com dignidade na Coreia do Norte, às vezes (são consideradas) sub-humanas", declarou Ji Seong-Ho, que perdeu uma mão e uma perna aos 14 anos, quando tentou roubar carvão.

As pessoas com deficiência mental ou física são consideradas "inúteis" para a sociedade, acrescenta Ji, de 31 anos, ante a comissão de investigação das Nações Unidas, que examina pela primeira vez oficialmente o estado dos direitos humanos sob o regime dos Kim.

A Coreia do Norte, que nega qualquer abuso, não reconhece esta comissão e negou o acesso ao país de uma delegação.

Durante a fome de 1994-98, na qual até um milhão de pessoas morreram (de uma população total de 20 milhões), os norte-coreanos utilizavam toda a sua energia para encontrar alimentos. E os mais fracos - as crianças, os idosos e os deficientes - eram os mais vulneráveis.

"Havia deficientes em nossa cidade. Quando a situação alimentar melhorou, no fim dos anos 1990, não voltamos a vê-los. Sem dúvida morreram", acrescenta este homem, que conseguiu escapar de seu país natal em 2006.

Kim Hyuk, de 32 anos, se converteu aos 7 anos - quando sua mãe morreu - em um "ggotjeb", o termo coreano para designar os meninos em situação de rua, que pedem esmola ou roubam para comer.

"Quando comecei aquela vida, as pessoas nos davam comida. Tudo mudou com a fome". As crianças morriam nas ruas. A polícia estava encarregada de recolher os sobreviventes e enviá-los a orfanatos, onde muitos morriam fora dos olhares dos outros.

"Não havia nada para comer além de folhas de milho em pó. Comia lagartos, cobras, ratos e grama", conta Kim, que viveu três anos em um orfanato. Das 75 crianças residentes, 24 morreram.

Preso pela polícia ao tentar cruzar a fronteira com a China, este homem passou 20 meses em um campo de reeducação. Em 2000 conseguiu fugir para a China, antes de chegar à Coreia do Sul.

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