A ONG revela que apenas 7,5% das investigações sobre esse tipo de denúncia levaram à apresentação de acusações contra os agressores (Uriel Sinai/Getty Images)
Da Redação
Publicado em 19 de dezembro de 2011 às 11h01.
Jerusalém - Cerca de 91% das investigações sobre crimes cometidos por israelenses contra palestinos no território ocupado da Cisjordânia são arquivadas sem que os processos sejam levados adiante, denuncia nesta segunda-feira a ONG israelense Yesh Din em comunicado.
A maioria dos casos nos quais foram investigados danos a palestinos e suas propriedades por civis israelenses na Cisjordânia, geralmente de colonos judeus ou radicais de direita, foram fechados devidos a erros judiciais na hora de encontrar os suspeitos e colher provas.
Os dados divulgados pela Yesh Din (A Justiça existe, em hebraico) se baseiam em um estudo de 760 casos investigados pela Polícia do Distrito da Judeia e Samaria (nomes com os quais Israel denomina oficialmente a Cisjordânia) em resposta a denúncias apresentadas por residentes palestinos desse território de delitos cometidos por civis israelenses contra eles e suas propriedades.
A ONG revela que apenas 7,5% das investigações sobre esse tipo de denúncia levaram à apresentação de acusações contra os agressores. 'A maioria das investigações - cerca de 90% - terminou arquivada por motivos que indicaram erros judiciais (autor do delito desconhecido, provas insuficientes)', destaca o comunicado.
A ONG ressalta que os resultados demonstraram que 'o Estado de Israel continua fracassando em cumprir sua obrigação de fixar um mecanismo para reforçar a lei sobre civis israelenses que cometem delitos - alguns extremamente graves - contra civis palestinos nos territórios sob ocupação militar'.
O diretor-geral da Yesh Din, Haim Erlich, afirma na nota que 'os dados são uma clara demonstração de que a Cisjordânia é um território sem lei'. Ele acusa as autoridades israelenses de serem responsáveis por 'negligência constante', que 'estimula os criminosos' a continuarem com suas ações.
Nos últimos dias, colonos e radicais nacionalistas israelenses destruíram mesquitas, arrancaram árvores e danificaram veículos palestinos, além de atacarem uma base militar israelense, ações classificadas como 'política do preço', em resposta a retiradas ou anúncios de desmantelamentos de assentamentos judaicos.