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Mais de 70 imigrantes mortos são retirados de caminhão

71 pessoas, provavelmente refugiados sírios, foram encontrados mortos em um caminhão frigorífico abandonado em uma estrada do leste da Áustria


	Flores onde foi encontrado o caminhão com refugiados mortos: as forças de segurança austríacas e húngaras lançaram uma investigação conjunta sobre a descoberta do caminhão
 (Heinz-Peter Bader/ Reuters)

Flores onde foi encontrado o caminhão com refugiados mortos: as forças de segurança austríacas e húngaras lançaram uma investigação conjunta sobre a descoberta do caminhão (Heinz-Peter Bader/ Reuters)

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Da Redação

Publicado em 28 de agosto de 2015 às 16h55.

A polícia austríaca retirou nesta sexta-feira os corpos de 71 migrantes, provavelmente refugiados sírios, de um caminhão frigorífico abandonado em uma estrada do leste da Áustria, um novo episódio macabro da crise migratória que a Europa enfrenta.

No momento em que a Europa assistia, horrorizada, às imagens do caminhão abandonado na quinta-feira em uma estrada, ao menos 76 corpos de migrantes eram recuperados e 198 pessoas resgatadas após o naufrágio de um barco com quase 300 passageiros na costa da Líbia.

As forças de segurança austríacas e húngaras lançaram uma investigação conjunta sobre a descoberta do caminhão, enquanto Budapeste anunciou a detenção de três búlgaros - o proprietário do caminhão e dois motoristas - e um afegão.

Os homens detidos são suspeitos de "serem os executores de um rede búlgara-húngara de tráfico de seres humanos", segundo o porta-voz da polícia austríaca Hans Peter Doskozil.

"Entre as 71 pessoas havia 59 homens, oito mulheres e quatro crianças, incluindo uma menina com idade entre um e dois anos", disse o porta-voz da polícia, Hans Peter Doskozil.

"Também havia documentação de viagem síria e assim, certamente, nossa primeira suposição é que os indivíduos eram migrantes, e provavelmente um grupo de migrantes sírios. Podemos descartar que fossem africanos", completou em uma entrevista coletiva.

O porta-voz do ministério austríaco do Interior, Alexander Marakovitz, havia afirmado poucas horas antes que foi difícil estabelecer o número de vítimas em função do avançado estado de decomposição dos corpos.

As autoridades haviam divulgado uma primeira estimativa de entre 20 e 50 mortos, após a terrível descoberta na manhã de quinta-feira.

As polícias da Áustria e Hungria iniciaram uma investigação conjunta depois que localizaram o veículo de 7,5 toneladas, com placa húngara e o logotipo de uma empresa avícola eslovaca.

Quando se aproximaram do caminhão abandonado, os agentes observaram a saída "fluídos de corpos em decomposição" e sentiram um odor muito intenso quando abriram as portas. Muitos policiais experientes pareciam afetados pela cena, que descreveram como a de um "crime impactante".

Os legistas trabalharam durante toda a noite para retirar os corpos do caminhão.

As autoridades anunciaram a descoberta no momento em que a chanceler alemã, Angela Merkel, participava em uma reunião com autoridades dos países dos Bálcãs para buscar uma saída à atual crise migratória.

Enormes desafios

Longe da Áustria, no Mediterrâneo, o naufrágio de um barco que transportava quase 300 migrantes na costa da Líbia deixou 76 mortos e dezenas de desaparecidos na quinta-feira, informou um porta-voz do Crescente Vermelho.

No mesmo dia, um barco da Guarda Costeira sueca atracou na Sicília com 52 corpos de migrantes encontrados na quarta-feira.

"Todos estamos comovidos com esta notícia terrível", disse Merkel em Viena.

"É um aviso de que devemos trabalhar para resolver este problema e mostrar solidariedade".

"Parece que as vítimas eram migrantes vítimas de uma operação de tráfico de seres humanos", declarou Janos Lazar, porta-voz do primeiro-ministro húngaro Viktor Orban.

Merkel reconheceu que os países dos Bálcãs enfrentam "enormes desafios" ao receber dezenas de milhares de migrantes que estão em trânsito para países da União Europeia.

Macedônia e Sérvia, as duas nações que recebem o maior número de migrantes que tentam chegar à Europa ocidental, pediram em Viena uma resposta continental à crise.

A "rota dos Bálcãs" é o caminho de milhares de sírios e iraquianos que fogem da guerra, assim como albaneses, kosovares e sérvios em busca de uma vida melhor.

As cenas de caos se multiplicam nos países do leste da Europa à medida que milhares de migrantes avançam para o continente de ônibus, de trem ou a pé.

Nos sete primeiros meses do ano, o número de imigrantes nas fronteiras da UE chegou a 340.000, contra 123.500 no mesmo período em 2014, segundo a agência Frontex, responsável pelas fronteiras externas do espaço Schengen.

Suíça, Alemanha e Itália lançarão em setembro uma unidade de intervenção conjunta encarregada de detectar e desmantelar as redes de tráfico, segundo as autoridades suíças.

No Mediterrâneo, mais de 2.300 pessoas morreram desde o início do ano em tentativas de chegar às costas europeias, segundo um balanço de meados de agosto da Organização Internacional para as Migrações (OIM).

A Hungria, membro da UE, se transformou no maior ponto de entrada dos migrantes que chegam a partir da Sérvia.

O governo de Budapeste pretende concluir em 31 de agosto uma barreira de 175 quilômetros de comprimento ao longo de sua fronteira com a Sérvia para deter o fluxo migratório.

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