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Mais de 500 pessoas morreram na crise sociopolítica da Nicarágua, diz ONG

A organização afirma que mais de 1,3 mil pessoas foram "sequestradas" por grupos paramilitares e permanecem desaparecidas ou foram presas injustamente

Nicarágua: mais de 4,3 mil pessoas foram feridas (Jorge Cabrera/Reuters)

Nicarágua: mais de 4,3 mil pessoas foram feridas (Jorge Cabrera/Reuters)

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EFE

Publicado em 23 de novembro de 2018 às 14h50.

Manágua - A Associação Nicaraguense Pró-Direitos Humanos (ANPDH) informou nesta sexta-feira que pelo menos 545 pessoas morreram e 4.533 ficaram feridas desde o início da crise sociopolítica na Nicarágua em 18 de abril, quando começaram os protestos contra o governo do presidente Daniel Ortega.

"O número de vítimas está incluído em um relatório preliminar das consequências dos protestos cívicos na Nicarágua como um direito humano", explicou o secretário-executivo da organização humanitária, Álvaro Leiva.

A quantidade de feridos também aumentou, de 4.353 para 4.533, segundo a organização.

O governo da Nicarágua, no entanto, só reconheceu até agora 199 mortes durante a crise, que as autoridades consideram uma tentativa de golpe de Estado, que já teria sido derrotada.

A ANPDH também reportou que 1.315 pessoas foram "sequestradas" por grupos paramilitares e permanecem desaparecidas ou foram presas injustamente.

Além disso, o relatório da ONG indica que 472 manifestantes antigovernamentais foram libertados por gestão da ANPDH e da Igreja Católica, que atua como testemunha e mediadora de um diálogo nacional que está suspenso desde julho.

Outros 20 oficiais da Polícia Nacional foram libertados por mediação da ANPDH e do Episcopado, segundo o relatório.

Por outro lado, a ONG registrou que 47 imóveis foram destruídos por grupos paramilitares durante a crise, e que outras 40 casas foram alvo de ataques e saques por policiais e grupos armados não autorizados.

A Nicarágua vive uma crise social e política desde 18 de abril, que já deixou pelo menos 325 mortos segundo as contas da Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH).

Este órgão alertou no dia 19 de outubro, junto com o secretário-geral da Organização de Estados Americanos (OEA) Luis Almagro e outros 12 países do continente, para o aumento da repressão com um número maior de detidos nos protestos contra Ortega.

Além disso, as organizações humanitárias locais afirmam que na Nicarágua há pelo menos 610 "presos políticos", mas o governo afirma que os detidos são 273 e que os mesmos são "terroristas", "golpistas" e "delinquentes comuns".

O Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos (Acnudh) responsabilizou o governo de Ortega por mais "de 300 mortes", além de execuções extrajudiciais, tortura, prisões arbitrárias, entre outras acusações, que o presidente Ortega rejeita.

As manifestações contra o governo começaram por causa de uma reforma da previdência social, que acabou sendo cancelada, e passaram a exigir a renúncia do presidente Ortega, que está há 11 anos consecutivos no poder, e de sua esposa e vice-presidente, Rosario Murillo.

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