O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump: em carta, juristas reconhecem que atos de Trump no escândalo da Ucrânia são passíveis de impeachment (Ralph Freso/Getty Images)
Gabriela Ruic
Publicado em 6 de dezembro de 2019 às 16h17.
Última atualização em 6 de dezembro de 2019 às 16h20.
São Paulo – Mais de 500 juristas das instituições mais prestigiadas dos Estados Unidos assinaram um manifesto público no qual consideram que os atos de Donald Trump no caso da Ucrânia são passíveis de impeachment.
O grupo, intitulado Legal Scholars For Impeachment (Juristas pelo Impeachment, em tradução livre para o português), divulgou o documento, “Letter to Congress from Legal Scholars” (Carta ao Congresso dos Juristas) nesta sexta-feira (6).
“Nós, os juristas que assinam esse documento, concluímos que o presidente Donald Trump está envolvido em uma conduta passível de impeachment”, escreveram os especialistas. “Não chegamos a essa conclusão de forma leviana. Nossos fundadores não disponibilizaram o impeachment em razão de discordâncias políticas ou desgosto. Apenas traição, suborno e outros crimes e ofensas justificam o impeachment”, explicaram.
A publicação da carta acontece dias depois do testemunho de quatro juristas ao Comitê Judiciário da Câmara dos Representantes (espécie de Câmara dos Deputados dos Estados Unidos). Três deles reconheceram que as atitudes de Trump no escândalo da Ucrânia justificariam o seu julgamento político. O outro, convocado por republicanos, discordou.
O processo de impeachment de Donald Trump está tramitando na Câmara dos Representantes tem como base o escândalo da Ucrânia, que tem em seu centro uma ligação feita pelo presidente americano ao presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelenski. Nela, o americano teria pressionado o ucraniano a investigar Joe Biden, maior rival democrata até o momento na busca pela reeleição, e seu filho, Hunter.
“Trump traiu o seu juramento quando tentou usar o seu poder presidencial para pressionar um governo estrangeiro a ajuda-lo na distorção das eleições americanas para seu benefício pessoal e político”, notaram os acadêmicos, “sua conduta é justamente o tipo de ameaça à democracia que os fundadores temiam quando incluíram o remédio do impeachment na constituição”. Entre os nomes que assinam a carta, juristas de instituições prestigiadas como a Universidade de Columbia, Yale e Georgetown.