Costa da Itália (ELLA IDE/AFP)
Agência de notícias
Publicado em 6 de agosto de 2023 às 13h09.
Mais de 30 migrantes são considerados desaparecidos após os naufrágios de duas embarcações na costa da ilha italiana de Lampedusa, segundo os depoimentos dos sobreviventes, informou neste domingo (6) a Organização Internacional para as Migrações (OIM).
Vinte e oito passageiros de um dos barcos e três do outro desapareceram no mar, depois que as embarcações naufragaram devido às condições meteorológicas, afirmou a agência da ONU.
Os barcos provavelmente iniciaram a viagem na cidade tunisiana de Sfax na quinta-feira.
Após ouvir os sobreviventes, "acreditamos que mais de 30 pessoas estão desaparecidas", confirmou Flavio di Giacomo, porta-voz da OIM.
Uma investigação foi iniciada para determinar as circunstâncias da tragédia em Agrigento, na ilha vizinha da Sicília.
O chefe de polícia de Agrigento, Emanuele Ricifari, afirmou que as previsões meteorológicas indicavam mar agitado.
"Quem permitiu, ou os forçou, a sair com este mar é um criminoso lunático, sem escrúpulos", declarou à imprensa.
"A previsão é de mar agitado para os próximos dias. Esperemos que eles parem. Com o mar desta maneira é como enviá-los para o matadouro", acrescentou.
Apesar do tempo ruim, as equipes de emergência planejavam uma operação ainda no domingo para resgatar mais de 20 migrantes bloqueados em uma área rochosa na costa de Lampedusa.
O grupo está nestas condições desde a noite de sexta-feira, quando violentas rajadas de vento empurraram a embarcação na direção das rochas.
A Cruz Vermelha forneceu alimentos, água, roupas e cobertores térmicos aos migrantes, mas a Guarda Costeira não conseguiu resgatar o grupo devido às ondas.
Se o vento não perder intensidade, as equipes de resgate tentarão retirá-los pelo barranco, de 140 metros de altura, segundo a imprensa italiana.
A travessia do Mediterrâneo central, a partir do norte da África até a Europa, é uma das mais letais do mundo.
Mais de 1.800 pessoas morreram desde o início do ano tentando completar a viagem, segundo Di Giacomo, o que significa 900 a mais que no ano passado.
"Na realidade o número é, provavelmente, muito maior", disse. "Encontramos muitos corpos no mar, o que sugere que há muitos naufrágios dos quais não ouvimos falar".
O número de cadáveres encontrados no mar aumentou, em particular na chamada rota tunisiana, uma travessia cada vez mais perigosa devido ao tipo de embarcação utilizado, explica Di Giacomo.
Os traficantes enviam os migrantes subsaarianos "em barcos de ferro que são mais baratos que os habituais barcos de madeira, mas que são totalmente inadequados para a navegação no mar", disse. "Eles quebram e afundam".
Em muitos casos, os migrantes sofrem com motores roubados no mar para que sejam reutilizados pelos traficantes, acrescenta.