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Mais de 20 terroristas morreram no ataque contra líder do Hezbollah, diz Israel

Chefe do grupo foi morto em bombardeio realizado contra prédios residenciais na região sul de Beirute.

Agência o Globo
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Publicado em 29 de setembro de 2024 às 12h37.

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O Exército israelense afirmou neste domingo que "mais de 20 terroristas" do Hezbollah morreram no bombardeio de sexta-feira contra o quartel-general do movimento islamista libanês na periferia sul de Beirute, que tirou a vida de seu líder, Hassan Nasrallah.

"Mais de 20 outros terroristas de diferentes níveis, que estavam no quartel-general subterrâneo de Beirute, localizado sob edifícios civis, e que dirigiam as operações terroristas do Hezbollah contra o Estado de Israel, também foram eliminados", afirmou o Exército em um comunicado.

Vários dirigentes do Hezbollah morreram ao lado de Nasrallah na operação batizada de "Nova Ordem", informou Israel.

Neste sábado, o movimento xiita libanês Hezbollah confirmou a morte do seu líder, Hassan Nasrallah, em um bombardeio realizado na noite anterior contra prédios residenciais na região sul de Beirute, afirmando que o quartel-general da organização estava no subterrâneo de um dos edifícios. A morte havia sido antecipada pelo Exército de Israel, embora uma fonte próxima do movimento tenha mencionado que o contato com o líder estava perdido desde sexta. Além disso, uma fonte afirmou que o Irã, aliado do Hezbollah, estava em contato com o grupo para determinar "os próximos passos" após a morte da liderança. O Irã decretou cinco dias de luto nacional e prometeu "vingança".

O ataque israelense de sexta-feira também matou o general sênior da Guarda Revolucionária do Irã, Abbas Nilforoushan, informou a agência de notícias estatal iraniana (IRNA). Nilforoushan era comandante de operações para o Líbano e a Síria, e está entre os oficiais iranianos de alto escalão mortos por Israel.

"Sayyed Hassan Nasrallah, secretário-geral do Hezbollah, juntou-se a seus grandes e imortais companheiros mártires, que ele liderou por cerca de 30 anos", disse o Hezbollah em um comunicado.

Sua morte representa um duro golpe para o grupo que lidera desde 1992, podendo também potencialmente desestabilizar o Líbano como um todo: raramente visto em público, Nasrallah era o único homem no país com o poder de fazer a guerra ou a paz. O ex-chefe do escritório do New York Times em Beirute e atual correspondente em Istambul, Ben Hubbard, também afirmou em análise que o grupo perdeu um líder experiente, com Nasrallah desfrutando de status quase mítico em sua base muçulmana xiita.

Segundo três altos funcionários da Defesa israelense ao jornal americano The New York Times, Israel sabia da localização do líder meses antes de lançar o ataque e decidiu atacá-lo agora porque acreditava que tinha apenas uma curta janela de oportunidade antes que ele desaparecesse para um local diferente. A operação estava sendo planejada desde o início da semana, afirmaram duas autoridades. Mais de 80 bombas foram lançadas ao longo de um período de vários minutos para matá-lo, mas os oficiais não informaram o peso ou a fabricação das bombas.

Integrantes do Hezbollah encontraram e identificaram o corpo de Nasrallah na manhã deste sábado, junto com o de Ali Karake, o comandante da frente sul do movimento. Karake havia sido alvo de um ataque na última segunda-feira, também no subúrbio do sul de Beirute, segundo uma fonte ligada ao grupo. Naquele mesmo dia, o Hezbollah disse que o comandante havia escapado do ataque e que se encontrava em um "local seguro".

Poucas horas depois, o Exército israelense também anunciou a morte de Hassan Khalil Yassin, membro sênior do quartel-general do Hezbollah no ataque aéreo israelense em Dahieh, informou o jornal israelense Haaretz.

"A maioria dos líderes do Hezbollah foi eliminada", afirmou o porta-voz militar, o tenente-coronel Nadav Shoshani, em uma coletiva de imprensa neste sábado, poucas horas após o anúncio da morte de Nasrallah pelas forças israelenses, mas afirmou que "ainda há um caminho a percorrer" na luta de Israel contra o Hezbollah, acrescentando que se acredita que o grupo tenha "dezenas de milhares de foguetes".

Nos últimos meses, ataques israelenses mataram Fuad Shukr, um dos fundadores do movimento e braço direito de Nasrallah; Ibrahim Aqil, morto no último dia 20, era comandante da temida unidade de elite do Hezbollah al-Radwan; Ali Karake; Ibrahim Kobeissi, que comandava várias unidades, entre elas uma de mísseis guiados de precisão; e Mohamed Srur, chefe da unidade de drones do Hezbollah, morto na última quinta-feira.

Segundo o chefe do Exército israelense, o tenente-general Herzi Halevi, "a mensagem é simples: qualquer um que ameace os cidadãos de Israel, nós saberemos como chegar até eles".

Todos os três oficiais que conversaram com o Times afirmaram que Hashem Safieddine, que há muito tempo é considerado um sucessor potencial de Nasrallah, pode ser anunciado em breve como o novo secretário-geral do Hezbollah. Safieddine é primo de Nasrallah e um ator-chave no trabalho político e social do movimento xiita libanês. Ele é um dos poucos líderes seniores restantes do Hezbollah que não estava presente no local do ataque. Apesar do palpite, a imprensa saudita afirma que o vice-líder do Hezbollah, Naim Qassem, será o substituto de Nasrallah.

Repercussão

O líder supremo do Irã, o aiatolá Ali Khamenei, declarou cinco dias de luto nacional pela morte de Nasrallah e afirmou que "não ficará sem vingança". Khamenei, que também expressou condolências aos familiares do líder morto, disse ainda que os ataques contra Israel se tornarão "ainda mais poderosos" e destacou que, apesar de o Hezbollah ter perdido um "porta-estandarte notável", o grupo ficará ainda mais forte. Pouco depois da notícia de que Israel tinha matado Nasrallah começar a circular, o líder supremo foi transferido para um local seguro dentro do Irã com medidas de segurança reforçadas, de acordo com duas autoridades locais à Reuters.

O Ministério das Relações Exteriores do Irã, que apoia e financia o Hezbollah, também lamentou a morte de Nasrallah. Em uma publicação no X, o porta-voz da Chancelaria, Nasser Kanani, afirmou que "o caminho glorioso do líder da resistência, Hassan Nasrallah, continuará e seu objetivo sagrado será realizado na libertação de Quds (Jerusalém), se Deus quiser".

O Hamas, que também integra o "Eixo da Resistência", descreveu o ataque como "ato terrorista covarde" e reiterou seu apoio ao Hezbollah e "à resistência islâmica no Líbano". Os rebeldes houthis do Iêmen disseram que a morte de Nasrallah "aumentará a chama do sacrifício" e prometem "a vitória e a derrota do inimigo israelense".

O Iraque, a Síria e a Autoridade Nacional Palestina (ANP) também condenaram o ataque. O presidente palestino, Mahmud Abbas, ofereceu condolências ao Hezbollah e suas "profundas condolências ao governo libanês e ao povo irmão libanês pelo martírio das vítimas civis que morreram em consequência da brutal agressão israelense".

A Rússia, aliada do Irã, também condenou o que descreveu como "último assassinato político" de Israel e instou por um cessar-fogo "imediato". Moscou disse que Israel tem "responsabilidade total" das consequências "dramáticas" que a morte de Nasrallah pode provocar.

"Isso não é de forma alguma do interesse da segurança de Israel", afirmou a ministra das Relações Exteriores alemã, Annalena Baerbock, ao dizer que essa situação "altamente perigosa [...] ameaça a desestabilização de todo o Líbano".

O Exército israelense afirmou que, com a morte do secretário-geral do Hezbollah, o "mundo é um lugar mais seguro". Mais cedo, o porta-voz militar israelense, tenente-coronel Nadav Shoshani, anunciou no X que "Hassan Nasrallah está morto". Outro porta-voz militar, o capitão David Avraham, também confirmou à AFP que o chefe do Hezbollah havia sido "eliminado" após os ataques de sexta.

O presidente dos EUA, Joe Biden, descreveu a morte do líder como uma "medida de justiça para suas muitas vítimas, incluindo milhares de americanos, israelenses e civis libaneses". Biden também reiterou o apoio dos EUA a Israel e destacou que havia instruído o secretário de Defesa a "melhorar ainda mais a postura de defesa das forças militares dos EUA" na região.

O secretário-geral da ONU, António Guterres, disse estar "profundamente preocupado" com a "escalada dramática" que está ocorrendo em Beirute nas últimas 24 horas, conforme declarou seu porta-voz, Stephane Dujarric.

'Líbano nunca mais será o mesmo'

Em enclaves xiitas nos subúrbios do norte de Beirute, de maioria cristã, rajadas de tiros de partidários do Hezbollah estão aterrorizando a população, assim como em outras regiões. Blindados do Exército libanês foram mobilizados em cruzamentos importantes na capital em antecipação a possíveis confrontos sectários.

A morte de Nasrallah foi recebida com um misto de sentimentos entre os libaneses. No centro de Beirute, jornalistas da AFP ouviram um pedestre gritando "Meu Deus", mulheres chorando e batendo no peito, enquanto outras gritavam "Allah Akbar!" (Alá é grande) nas ruas logo após o Hezbollah confirmar a morte. Em contraste, no leste da capital, uma área dominada por rivais políticos do Hezbollah, a morte do líder xiita foi recebida com uma mistura de choque e euforia.

Ataques israelenses continuaram neste sábado contra o reduto do Hezbollah no sul de Beirute, fazendo com que famílias em pânico fugissem. Um ataque atingiu o segundo e o terceiro andares de um prédio, segundo uma autoridade de segurança libanesa. Horas depois, uma fonte de segurança libanesa disse que Israel havia bombardeado um depósito próximo ao aeroporto de Beirute.

O Departamento de Estado americano ordenou neste sábado a saída das famílias dos funcionários de sua embaixada no Líbano "devido à situação de segurança volátil e imprevisível em Beirute", e pediu que seus cidadãos deixem o país "enquanto as opções comerciais estiverem disponíveis".

Após os pesados ataques de sexta-feira, Israel deu novos avisos para que as pessoas deixassem parte dos densamente povoados subúrbios de Dahiyeh antes do amanhecer.

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