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Mais conflitos e mais revoltas: os impactos da covid-19 na paz do mundo

A pandemia do novo coronavírus acertou com força a economia global e terá impactos negativos para a paz no mundo, analisa o Índice Global da Paz

Revoltas sociais no Chile (Claudio Santana/Reuters Business)

Revoltas sociais no Chile (Claudio Santana/Reuters Business)

Gabriela Ruic

Gabriela Ruic

Publicado em 10 de junho de 2020 às 01h10.

Última atualização em 10 de junho de 2020 às 18h14.

A covid-19, doença causada pelo novo coronavírus, irá afetar a estabilidade dos países, deteriorando o estado da paz e aumentando os riscos de mais conflitos e mais revoltas sociais. Esta constatação, que evidencia a profundidade das transformações que a pandemia causará no mundo, é da 14ª edição do Índice Global da Paz, divulgado nesta quarta-feira, 10, pelo Instituto para Economia e Paz (IEP).

“O que estamos observando é que a covid-19 irá afetar a paz no mundo de forma negativa. Os países se tornarão ainda mais polarizados, principalmente em razão da redução das suas capacidades financeiras, e isso causará mais instabilidades, explicou a EXAME Serge Stroobants, diretor do IEP.

Nesse sentido, os pesquisadores envolvidos no levantamento, que monitora a situação da paz em 163 países, esperam um aumento nos episódios de protestos violentos, greves gerais e crises políticas. E isso não apenas em países pobres ou em desenvolvimento, mas também nos mais ricos. “No fim do dia, o mundo estará dividido em dois: o grupo dos países capazes de lidar com a covid-19 e seus efeitos e os países que não conseguiram fazer isso”, notou Serge.

Índice Global da Paz

No retrato geral, o estudo revelou que a paz no mundo vem se deteriorando desde o início do monitoramento, em 2008, e que 2020 marcou o nono ano de piora nesse cenário. Uma das principais tendências notadas pela nova edição é o aumento das revoltas civis, como as que foram registradas no Chile e em Hong Kong: em 2019, ao menos uma revolta social foi registrada em 96 países. Entre 2011 e 2019, essas turbulências aumentaram em 282% e greves gerais, 821%.

Na edição 2020 do estudo, no ranking dos países mais pacíficos do mundo, a Islândia continua no topo, posto que ocupa desde 2009. Nova Zelândia, Áustria e Portugal também se encontram na lista dos dez mais pacíficos, tradicionalmente ocupada por países europeus e ricos. Os Estados Unidos andaram de lado, permanecendo na 121ª posição, atrás de países como El Salvador e Bolívia.

O Índice Global da Paz avalia os países em três domínios para monitorar sua pacificidade: segurança, conflito doméstico ou envolvimento em conflito internacional, militarização. A América do Sul foi a região que registrou o pior desempenho em todas as categorias, levando-a ao posto de menos pacífica na comparação com América Central e o Caribe, historicamente afetadas pela violência do crime organizado e o tráfico de drogas.

Em terras sul-americanas, não há nenhum representante no topo do ranking dos países mais pacíficos. O Uruguai é o mais bem colocado, em 35º, seguido do Chile, 45º, e da Argentina, 74º. O Brasil está em nono na lista regional, a frente da Colômbia e da Venezuela, e 126º no ranking global. Ainda de acordo com o estudo, o país despencou três posições da última edição do Índice Global da Paz.

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