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Mães processam Fifa por não cuidar das cabeças dos jogadores

Mães dos jogadores afirmam que a entidade não adotou diretrizes efetivas para lidar com concussões cerebrais


	Jogador cabeceia a bola: mães querem proteger os jogadores do que chamam de “epidemia” de lesões na cabeça
 (Julian Finney/Getty Images)

Jogador cabeceia a bola: mães querem proteger os jogadores do que chamam de “epidemia” de lesões na cabeça (Julian Finney/Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 28 de agosto de 2014 às 18h30.

São Paulo - A Fifa, entidade internacional que controla o futebol, foi processada por mães de jogadores de futebol e por jogadores que afirmam que a organização não adotou diretrizes efetivas para lidar com concussões cerebrais quando mais evidências ligam lesões do cérebro com o ato de bater na bola com a cabeça.

Na ação judicial, aberta ontem no tribunal federal de São Francisco, os pais e os jogadores exigiram mudanças nas políticas e nas regras para proteger os jogadores do que eles chamaram de “epidemia” de lesões na cabeça.

Organizações futebolísticas de adultos e jovens dos EUA também foram acusadas. Nenhuma indenização em dinheiro está sendo pedida.

Ações judiciais semelhantes foram apresentadas contra a National Football League (futebol americano), a National Hockey League (hóquei) e a National Collegiate Athletic Association (associação de esporte universitário).

A NFL concordou em pagar pelo menos US$ 675 milhões para encerrar as ações judiciais dos jogadores, enquanto a tentativa da NCAA de pagar US$ 70 milhões para testes e diagnósticos de atletas estudantis está sendo contestada pelo tribunal federal de Chicago.

Mais de 240 milhões de pessoas jogam futebol, segundo a denúncia. Oito milhões de pessoas jogam em campeonatos juvenis dos EUA.

“O futebol está entre os principais esportes quanto ao número de concussões cerebrais por jogo” e as mulheres mantêm uma taxa de lesões maior que a dos homens, segundo a denúncia.

Os pesquisadores descobriram que o ato de cabecear uma bola de futebol para marcar um gol ou para passá-la está ligado, com o tempo, a lesões cerebrais que podem afetar a memória em jogadores amadores adultos, segundo a denúncia.

Diretrizes efetivas

A Fifa e as organizações futebolísticas dos EUA não adotaram diretrizes efetivas para lidar com as lesões na cabeça dos jogadores, segundo a ação judicial.

Quase um terço das concussões relacionadas ao futebol são causadas por cabecear a bola ou por tentar cabecear e colidir com outro jogador, com um objeto ou com o chão, segundo a denúncia.

A ação acusa a Fifa, a Federação de Futebol dos EUA, a Organização Americana de Futebol Juvenil (AYSO) e outros três grupos.

Acusando os grupos de negligência, os autores da ação judicial - duas mulheres que jogaram futebol em equipes dirigidas por duas das organizações acusadas e três mães de crianças que jogam futebol - estão exigindo a criação de um programa de monitoramento médico para todos os que tiverem jogado em uma equipe dirigida pela Fifa ou por uma das associações futebolísticas com sede nos EUA desde 2002.

Delia Fischer, porta-voz da Fifa, que tem sede em Zurique, disse que a organização ainda não havia tido acesso à denúncia.

‘Alta prioridade’

Ela disse que a Fifa sempre atribuiu uma “alta prioridade” à prevenção e ao tratamento de lesões na cabeça, tendo iniciado discussões sobre o assunto 12 anos atrás, que levaram a um consenso científico e à elaboração de “recomendações claras”.

A Fifa, que organiza a Copa do Mundo, também modificou as regras do jogo para expulsar jogadores cujos atos provocam concussões cerebrais, o que inclui cotoveladas na cabeça.

“Nas competições da Fifa, os médicos de todas as equipes estão totalmente informados a respeito dessas recomendações”, disse Fischer.

"É responsabilidade do médico e do staff de cada equipe decidir se um jogador pode ou não continuar jogando”.

Neil Buethe, porta-voz da Federação de Futebol dos EUA, com sede em Chicago, preferiu não comentar as acusações que constam da denúncia.

A organização, juntamente com a Major League Soccer, realizará um encontro médico para discutir concussões cerebrais e outros assuntos de saúde que afetam jogadores de todos os níveis, disse a Federação de Futebol dos EUA em um comunicado, no começo deste ano.

Treinamento da AYSO

A AYSO também preferiu não comentar a denúncia. A associação com sede em Torrance, Califórnia, ainda não havia recebido os documentos judiciais, disse George Passantino, porta-voz, em um comunicado enviado por e-mail.

Passantino disse que a AYSO oferece um treinamento de conscientização a respeito de concussões cerebrais aos voluntários adultos que são treinadores em suas equipes associadas.

Qualquer jogador com sintomas como os de concussão obrigatoriamente não poderá jogar durante o resto do dia e os pais do jovem são aconselhados a procurar atenção médica, disse ele.

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