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Mães imigrantes nos EUA rejeitam uso do termo "bebê âncora"

Mães se uniram para rejeitar o uso da expressão que vários pré-candidatos republicanos às eleições de 2016 utilizaram para se referir aos filhos dessas mulheres


	Bebês: "bebês âncora é uma frase que causa pânico, que causa ódio em direção ao imigrante", diz especialista em imigração
 (Philippe Huguen/AFP)

Bebês: "bebês âncora é uma frase que causa pânico, que causa ódio em direção ao imigrante", diz especialista em imigração (Philippe Huguen/AFP)

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Da Redação

Publicado em 28 de agosto de 2015 às 17h08.

Los Angeles - Mães imigrantes que vivem nos Estados Unidos se uniram para rejeitar o uso pejorativo da expressão "bebê âncora" que vários pré-candidatos republicanos às eleições presidenciais de 2016 utilizaram para se referir aos filhos dessas mulheres, que poderiam se beneficiar por serem progenitoras de um cidadão americano.

"Bebês âncora é uma frase que causa pânico, que causa ódio em direção ao imigrante. É uma frase que tem seu propósito e é um propósito negativo que nasceu sob ódio contra um grupo", manifestou nesta sexta-feira à Agência Efe o advogado especialista em imigração Alex Galvez.

Alguns imigrantes se mostraram em desacordo e expressaram indignação e até temor pela maneira como políticos republicanos, como o magnata Donald Trump, se referem a seus filhos, como é o caso de Noemí, uma salvadorenha com seis meses de gravidez e que não quis revelar seu sobrenome por motivos de segurança.

"Muitas pessoas podem dizer: 'você veio para ter filhos e isso vai ajudar na regulamentação de seus papéis'. Realmente não é assim, a gente vem pra cá para lutar", disse esta jovem de 24 anos, que chegou aos Estados Unidos há 16 meses fugindo de uma ameaça e teve que permanecer em um centro de detenção.

"Como seres humanos nos apaixonamos, queremos ter família, queremos ter filhos, não estou de acordo com os políticos que dizem que (os imigrantes) vieram para ter filhos", explicou.

A expressão "bebês âncora" (anchor baby) faz referência aos filhos de mulheres sem documentos grávidas que dão à luz a seus filhos no país, que automaticamente se transformam em cidadãos americanos tal como garante a Emenda 14 da Constituição dos EUA para os nascidos nos EUA.

A controvérsia sobre os "bebês âncora" na atual campanha presidencial surgiu quando o pré-candidato republicano Donald Trump propôs estudar a maneira de eliminar a concessão automática da nacionalidade a estes recém-nascidos, dado que em seu conceito isso promove a imigração ilegal.

A polêmica aumentou quando o também pré-candidato do mesmo partido Jeb Bush, casado com uma mexicana, utilizou o termo, o que mereceu críticas da aspirante a representar o Partido Democrata no pleito, Hillary Clinton.

São muitos juristas os que se mostraram em desacordo com a proposta e disseram que iria contra da tradição histórica deste país com seus imigrantes.

Para o advogado de imigração Fernando Romo, a controvérsia dos "bebês ancoras", termo que surgiu no anos 80, é alimentada pela desinformação.

"Uma das coisas que muitas pessoas não entendem e não ouvi ser mencionado durante esta campanha presidencial é que para os 'bebês ancoras' não é tão fácil regular a situação de imigrantes dos pais", afirmou.

Romo explicou à Agência Efe que sob as atuais leis de imigração, uma mãe sem documentos pode obter residência permanente através do pedido de seu filho que ingressou ao país legalmente, e quando este completar 21 anos de idade.

Este foi o tempo que a centro-americana Margot Marroquín teve que esperar. Embora tenha chegado em 1986 legalmente como trabalhadora agrícola, a imigrante passou tempo depois a estar ilegal no após o vencimento de sua licença de trabalho.

"Eu tive meu filho porque foi fruto do meu amor, não tive ele para conseguir os papéis", relata Marroquín sobre seu filho, José Rafael Arcos.

Marroquín teve conhecimento há três meses que finalmente conseguirá regularizar sua situação graças a seu filho, após permanecer como ilegal nos EUA 24 anos.

"Segundo o Centro Pew, somente 300 mil crianças por ano nascem nos Estados Unidos e só 7% delas têm um papai ou uma mamãe que estão aqui de forma ilegal, não é uma grande quantidade", manifestou Romo, que acredita que a polêmica é só um movimento político.

No entanto, Noemí teme que a polêmica possa afetar o futuro do bebê que carrega em seu ventres.

"É um direito das crianças que nascem aqui, que possam ter todas as oportunidades dos demais", opinou. 

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