Osama Bin Laden: líder da Al Qaeda e principal mente por trás dos ataques de 11 de setembro foi morto no Paquistão em 2009 (Getty Images/Getty Images)
Gabriela Ruic
Publicado em 3 de agosto de 2018 às 11h42.
Última atualização em 3 de agosto de 2018 às 15h23.
São Paulo – Um bom menino que se envolveu com as pessoas erradas. É assim que Alia Ghanem, 70 anos, descreve o filho, Osama Bin Laden, líder da rede Al Qaeda e mente por trás dos ataques às torres gêmeas nos Estados Unidos em 11 de setembro de 2001. Da Arábia Saudita, Ghanem falou ao jornal britânico The Guardian, sua primeira manifestação pública sobre o primogênito, morto por agentes americanos no Paquistão em 2011.
Segundo a matriarca do clã Bin Laden, hoje em seu segundo casamento, Bin Laden começou a mudar quando começou a cursar economia na Universidade King Abdulaziz, que fica na cidade saudita de Jedá que está localizada na costa do Mar Vermelho e a pouco mais de 1.000 quilômetros da capital Riade.
“Ele se tornou um homem diferente”, contou ela, “ele foi um bom menino até conhecer algumas pessoas que fizeram uma espécie de lavagem cerebral quando ele estava com 20 e poucos anos. Como se fosse um culto”, explicou sobre o período em que Bin Laden conheceu seu mentor espiritual, Abdullah Azzam, da Irmandade Muçulmana. “Pedi que se afastasse dessas pessoas, mas ele jamais admitiu o que estava fazendo, me amava muito”, relembrou.
A entrevista concedida por Ghanem foi acompanhada pela família. Em determinado momento, um dos irmãos de Bin Laden, Hassan, falou sobre suas atividades terroristas. “Sinto orgulho dele, é meu irmão mais velho. Mas não sinto como homem. Alcançou o estrelato global e foi tudo para nada”, lamentou. “Ficamos muito chateados. Não queria que nada disso tivesse acontecido”, continuou a mãe, sobre quando perceberam o que o primogênito se tornou.
Bin Laden deixou a Arábia Saudita no início dos anos 80 para lutar contra a ocupação russa no Afeganistão. A última vez que o viram foi em 1999, um ano antes da onda de atentados da Al Qaeda que deixaram quase 3 mil mortos em diferentes regiões dos Estados Unidos e episódio que marcou do início da chamada “guerra contra o terror” promovida pelo governo americano mundo afora.
Quando Ghanem deixou o cômodo, outro irmão de Bin Laden, Ahmad, notou que a mãe continua em negação sobre o tema. “Ela recusa culpá-lo”, disse ele. Sobre os eventos nos EUA, Ahmad disse ter ficado em choque completo quando ouviu as notícias e que imediatamente suspeitou do envolvimento de Bin Laden. “Nos sentimos envergonhados e sabíamos que toda a família sofreria duras consequências”, disse.
A conversa com a família Bin Laden aconteceu depois de o príncipe herdeiro do trono saudita e novo líder do país, Mohammed bin Salman, 32 anos, ter autorizado. De acordo com o The Guardian, oficiais acompanharam a entrevista, que se restringiu a aspectos pessoais de Bin Laden, sem tocar em pontos incômodos para o reino. Entre eles, o envolvimento com fundamentalistas no Afeganistão e acusações de que o líder da Al Qaeda teve apoio para conduzir os ataques nos EUA. Dos 19 envolvidos neste episódio, 15 eram sauditas.