Nicolás Maduro prometeu reconhecer o resultado das eleições em 28 de julho. (Nicolás Maduro no X)
Redator na Exame
Publicado em 11 de junho de 2024 às 09h33.
Nicolás Maduro, presidente da Venezuela, está disposto a aceitar o resultado da eleição presidencial no próximo mês. De acordo com a Bloomberg, o atual mandatário está atrás do candidato da oposição, Edmundo González, na última pesquisa. Em discurso na segunda-feira (10), Maduro afirmou que está disposto a firmar um pacto com os outros candidatos para 'reconhecer o boletim' do conselho eleitoral em 28 de julho. O presidente prometeu convocar um grande diálogo entre os venezuelanos.
A maioria das pesquisas mostra uma leve alta nas intenções de voto para Maduro, mas ele ainda está atrás do opositor Edmundo González. No domingo, o partido governista testou sua capacidade de mobilização e Maduro afirmou que alcançaram “números recordes”, sem dar detalhes.
“Quem quiser assinar, que assine, e quem não quiser, deve ter um motivo”, disse Maduro em seu programa de TV. A oposição não comentou a proposta, que foi feita inicialmente pelo coordenador da campanha de Maduro, Jorge Rodríguez. Maduro tem recuado nos compromissos de um acordo mediado pelos EUA com a oposição, que garantia uma votação livre e justa. Recentemente, seu governo revogou o convite para a União Europeia monitorar as eleições. Outras organizações, como o Centro Carter, ainda não decidiram se irão supervisionar a votação.
A eleição presidencial de 2024 ocorre em um cenário de profunda crise econômica e política na Venezuela, com altos índices de inflação, escassez de produtos básicos e uma migração em massa de cidadãos buscando melhores condições de vida em outros países. Maduro, que assumiu a presidência em 2013 após a morte de Hugo Chávez, enfrenta uma crescente desaprovação popular devido às condições econômicas deterioradas e acusações de autoritarismo.
A oposição, representada por Edmundo González, um candidato relativamente desconhecido, tem ganhado terreno nas pesquisas, refletindo o descontentamento generalizado com o governo atual. No entanto, a fragmentação e a falta de um líder carismático forte têm sido desafios para consolidar um movimento robusto contra Maduro.
A promessa de Maduro de reconhecer os resultados eleitorais e convocar um diálogo nacional é vista com ceticismo por analistas políticos, dado seu histórico de repressão à dissidência e manipulação de processos eleitorais. O cumprimento desses compromissos será crucial para a legitimidade do próximo governo e para a possibilidade de reconciliação nacional.
A decisão de impedir a observação internacional das eleições por parte da União Europeia levanta dúvidas sobre a transparência do processo. Observadores internacionais, como o Centro Carter, têm um papel fundamental em garantir a credibilidade e a justiça das eleições. A ausência desses observadores pode minar a confiança dos eleitores e da comunidade internacional nos resultados.
Com a eleição se aproximando, a Venezuela se encontra em uma encruzilhada. A capacidade de Maduro de mobilizar sua base de apoio e a resposta da oposição serão determinantes para o futuro político do país. Independentemente do resultado, a necessidade de um diálogo inclusivo e de soluções políticas sustentáveis será essencial para enfrentar os desafios econômicos e sociais que a nação enfrenta.