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Maduro proíbe manifestações contra eleições de domingo

Quem desrespeitar a determinação pode pegar dez anos de prisão

Caracas: manifestante encara a polícia durante protesto na capital venezuelana (Ueslei Marcelino/Reuters)

Caracas: manifestante encara a polícia durante protesto na capital venezuelana (Ueslei Marcelino/Reuters)

EH

EXAME Hoje

Publicado em 28 de julho de 2017 às 05h59.

Última atualização em 28 de julho de 2017 às 07h54.

A partir desta sexta-feira, o governo da Venezuela passa a considerar ilegais os protestos que de alguma forma possam atrapalhar a realização das eleições deste domingo. Quem desrespeitar a determinação pode pegar dez anos de prisão. Nicolás Maduro faz de tudo para garantir que seu plano se concretize. O pleito, como se sabe, é bola cantada: com a promessa de boicote da oposição, os chavistas devem permitir um novo arranjo político que tire peso do Congresso com o objetivo de reescrever a Constituição do país — e, consequentemente, atribuir mais poderes ao presidente.

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Mas a Mesa da Unidade Democrática (MUD), aliança da oposição venezuelana, marcou para esta sexta a “Grande Tomada de Caracas”, e espera-se que milhares de pessoas estejam nas ruas da capital do país para lutar contra o regime. A mobilização acontece na sequência da greve de 48 horas que parou boa parte do país. Quatro pessoas morreram nas manifestações, e já são mais de 100 mortos em protestos desde abril, quando Maduro anunciou a intenção de realizar as eleições. A decisão foi oficializada no dia 1º de maio, com base no artigo 347 da Constituição.

O clima de guerrilha está tão crítico no país que a ativista Lilian Tintori — um dos principais rostos da luta contra o regime — deixou o país rumo a Miami na última terça-feira, junto com os dois filhos e a sogra. Ela é casada com Leopoldo López, líder da oposição que estava preso por “incitação à violência em protestos” desde 2014. Ele está em prisão domiciliar desde 8 de julho, e publicou um vídeo no YouTube na quarta-feira convocando o povo para a manifestação. “Sigamos nas ruas até alcançarmos nossa liberdade”, afirmou López. Os Estados Unidos também ordenaram que os funcionários de sua embaixada enviem sua família para o exterior. Jornalistas estão sendo barrados no aeroporto, tentando entrar no país. A empresa aérea Avianca anunciou ontem que suspendeu os voos ao país.

No domingo, Maduro pretende eleger 545 deputados, dentre cerca de 6.000 candidatos aprovados pelo órgão eleitoral. Mais de 50.000 pessoas pró-regime se dispuseram a disputar os cargos, inclusive ministros e secretários do governo, que deixaram suas funções para concorrer. O governo está em campanha para fazer com que mais de 7,5 milhões de pessoas compareçam às urnas — para conseguir bater o número de eleitores que compareceram ao plebiscito simbólico da oposição, realizado no último dia 17, pedindo a anulação da votação. Infelizmente, esta sexta-feira deve ser mais um dia triste na Venezuela.

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