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Maduro promete defesa da Venezuela contra 'agressão' dos EUA: 'Direito legítimo'

Declaração marca mais uma etapa do acirramento de tensões entre a Venezuela e os Estados Unidos desde o deslocamento de tropas militares americanas para o Caribe

Agência o Globo
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Publicado em 15 de setembro de 2025 às 16h00.

Última atualização em 15 de setembro de 2025 às 18h16.

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O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, afirmou nesta segunda-feira que seu país se defenderá contra o que chamou de "agressão" dos Estados Unidos. Em referência ao aumento da presença militar dos EUA no Caribe e ao recente ataque a um barco suspeito de transportar drogas venezuelanas, Maduro disse que Caracas exercerá seu "direito legítimo de se defender".

— Há uma agressão em andamento, de caráter militar, e a Venezuela está autorizada pelas leis internacionais a enfrentá-la — declarou o líder venezuelano.

Durante uma entrevista coletiva com a imprensa internacional, o presidente venezuelano anunciou ainda que "as comunicações com o governo dos Estados Unidos estão desfeitas" e apontou o secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, como o "senhor da morte e da guerra". As declarações de Maduro marcam mais um episódio da escalada recente de tensão com os Estados Unidos de Donald Trump, cujos navios patrulham águas próximas ao território venezuelano.

Maduro, que já havia confirmado a mobilização de 25 mil soldados das Forças Armadas para a fronteira com a Colômbia e para a costa do Caribe, também convocou, na última sexta-feira, reservistas, membros de milícias e voluntários para uma jornada de treinamento militar.

Escalada de tensões

No último domingo, o ministro da Defesa da Venezuela, Vladimir Padrino López, afirmou que os Estados Unidos triplicaram em agosto o envio de aviões espiões "contra" a Venezuela, além de posicionar navios de guerra no Caribe, o que Caracas considera uma ameaça.

— Agora passaram de um padrão diurno para fazê-lo à noite e de madrugada e triplicaram em agosto as operações de inteligência e exploração contra a Venezuela — relatou Padrino ao apresentar o balanço de um treinamento militar realizado no sábado para ensinar civis a disparar.

Segundo Padrino, autoridades venezuelanas detectaram, na noite de sábado, aviões-tanque que fornecem combustível às aeronaves espiãs RC-135. De acordo com o ministro, esses aviões são projetados para coletar e processar informação em tempo real, até 200 milhas náuticas (cerca de 370 quilômetros). "Ou seja, seu alcance chega ao território venezuelano", acrescentou.

No sábado, Caracas denunciou que militares americanos retiveram por oito horas um barco pesqueiro que navegava em águas do Caribe venezuelano, pouco depois de os Estados Unidos deslocarem oito navios de guerra para o Caribe.

Na sexta-feira, "o navio venezuelano 'Carmen Rosa', tripulado por nove humildes pescadores de atum (...) foi atacado de maneira ilegal e hostil por um destróier da Marinha dos Estados Unidos, o USS Jason Dunham", informou o Ministério das Relações Exteriores da Venezuela em um comunicado.

— Sabemos a mobilização que eles têm no mar do Caribe com toda a intenção de semear uma guerra na região, uma guerra que não queremos os venezuelanos e não querem os povos do Caribe — declarou Padrino López.

Os Estados Unidos justificam a presença de navios militares no Caribe sob o argumento do combate ao tráfico de drogas. Fontes da Casa Branca afirmam que não se descarta a possibilidade de ataques à Venezuela contra instalações atribuídas a cartéis, classificados como organizações terroristas pelo governo Trump.

O secretário de Defesa dos EUA, Pete Hegseth, disse em entrevista na última terça-feira que Maduro tem "muitas decisões a tomar" em resposta à operação militar dos EUA no sul do Caribe. Além disso, a autoridade americana acusou o líder bolivariano de estar envolvido no tráfico de drogas, ao ser questionado sobre a atual recompensa de US$ 50 milhões (cerca de R$ 270 milhões) que Washington mantém pela rendição do ditador.

(Com AFP)

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